Ygor Klain Belchior

 “ELE ESTÁ DE VOLTA”: NEOFASCISMO, ENSINO DE HISTÓRIA E AS REDES SOCIAIS

 

No dia 13 de agosto de 2019, Joanna Schroeder, uma mãe norte-americana, fez uma postagem no Twitter. Na publicação, expôs a sua preocupação com conteúdos extremistas de fácil acesso na internet:

 

“Você tem filhos adolescentes brancos? Tenho observado o comportamento online dos meus meninos e percebi que a mídia social [...] [está] ativamente criando bases em adolescentes brancos para transformá-los em supremacistas [...]. Veja como: é um sistema que acredito ter sido criado propositadamente para desiludir os meninos brancos, afastando-os das perspectivas progressistas/ liberais. Primeiro, os meninos são inundados por memes com piadas sutilmente racistas, sexistas, homofóbicas e antissemitas. Sendo crianças, eles não veem a nuance e repetem/ compartilham. Essa narrativa permite que os meninos se livrem da vergonha - substituindo-a por raiva. E com quem está a raiva deles? Mulheres, feministas, liberais, pessoas de cor, gays, etc. etc. [...] E NINGUÉM parece notar isso acontecendo - exceto, ao que parece, mães de adolescentes que observam o assédio bizarro que suas filhas sofrem [...] A propaganda faz com que pontos de vista extremos pareçam normais por pequenas quantidades de exposição ao longo do tempo - tudo com o propósito de converter as pessoas a pontos de vista mais extremistas [...]” (SCHROEDER, 2019).

 

O post viralizou. Para se ter uma ideia, até o dia 23 de abril do ano 2021, foram registrados 75,7 mil Retweets, 14,2 mil Tweets com comentário e 171,3 mil curtidas. Tamanha projeção chamou a atenção dos maiores veículos de imprensa do mundo. Foi nesse sentido que a BBC News publicou a seguinte reportagem: “Mãe de adolescentes alerta para perigos de extremismo online nos EUA”. O texto traz ainda o relato de que os “jovens brancos nos Estados Unidos têm se mostrado particularmente suscetíveis ao risco da radicalização online” e “um indício nesse sentido é o perfil dos suspeitos dos últimos ataques a tiros no país: são jovens, brancos e do sexo masculino” (PRASAD, 2021).

 

De acordo com o relatório de 2017 da Liga Anti-Difamação “todos os assassinatos de extremistas nos Estados Unidos foram cometidos por um supremacista branco ou extremista de extrema direita”. O documento ainda chama atenção para as “evidências crescentes de grupos de extrema direita de todo o mundo colaborando [...] online” para promover “uma ideologia de ódio globalizada”. A infraestrutura ideológica na Internet é usada para recrutar e para radicalizar os jovens, a partir de discursos de ódio (SCHATZ, 2019).

 

Discursos que não ficam apenas no mundo digital. Segundo reportagem publicada pela Valor Econômico, os números de 2017 que mencionamos há pouco estão crescendo. Dois terços das ocorrências terroristas nos EUA, em 2019, “foram realizadas por radicais americanos da extrema direita. Essa parcela subiu para 90% nos cinco primeiros meses deste ano” (LUCE, 2020). Outros extremistas acabaram sendo descobertos antes de praticarem atos de violência. Dentre eles, estava Justin Olsen, um frequentador do site iFunny. Olsen era dono de uma conta chamada ArmyOfChrist, a qual usava para promover posts nacionalistas brancos e memes de extrema-direita comuns em fóruns como esses. Segundo o BuzzFeed News, “nos 200 posts [...] se enfureceu contra feministas, progressistas, a comunidade LGBTQ e minorias religiosas e étnicas, e [...] pediu o estabelecimento de um etnostado cristão”. O intrigante é a comunicação por meio de memes com conteúdo histórico, a exemplo das Cruzadas, fantasiando sobre uma guerra particular como uma cruzada religiosa entre cristãos e muçulmanos. Em outra postagem, ele escreveu: “O imperialismo americano é a vontade de Deus e o hemisfério ocidental é um bom começo. Eu morreria absolutamente para erradicar o socialismo e suas variantes” (BRODERICK, 2019).

 

No artigo intitulado “How YouTube Radicalized Brazil” (Como o Youtube radicalizou o Brasil), publicado pelo The New York Times, no dia 11 de agosto de 2019, percebemos que esse fenômeno chegou por aqui. A reportagem relata a atuação da equipe do Berkman Klein Center de Harvard, a qual testou a ascensão meteórica da extrema-direita brasileira na plataforma do YouTube. De acordo com o relatório produzido pelo grupo, o novo sistema de inteligência artificial do YouTube passou a indicar conteúdo extremista a partir de uma análise algorítmica do perfil do usuário, criando uma espécie uma espécie de bolha, um comportamento esperado, por meio de recomendações para outros vídeos com conteúdo semelhante. E os exemplos mencionados pelo estudo não chegam a ser novos. Afinal, todos nós já ouvimos falar desses nomes em algum momento. 

 

Por exemplo, a publicação menciona os Youtubers Nando Moura, Carlos Jordy e Bernardo Küster. Moura é lembrado pelos “discursos coloridos e paranoicos de extrema direita, [nos quais] acusou feministas, professoras e políticos tradicionais de travar grandes conspirações”. Jordy por postar vários “vídeos acusando professores locais de conspirar para doutrinar estudantes no comunismo”. E Küster por acusar “falsamente acadêmicos de esquerda de conspirar para forçar as escolas a distribuir “kits gays” para converter crianças à homossexualidade”. A reportagem ainda alude ao “marco zero para a política do YouTube”: a sede paulista do Movimento Brasil Livre, cujos “membros são jovens, de classe média, de direita”. Um dele é Renan Santos, o coordenador nacional do grupo, e entrevistado pela reportagem. De acordo com os autores, Santos “gesticulou para uma porta marcada como ‘a Divisão do YouTube’ e disse: ‘Este é o coração das coisas’. Dentro da sala, “oito jovens cutucaram um software de edição. Um estava estilizando uma imagem de Benito Mussolini”. Por fim, o texto alerta que os Youtubers extremistas e os seus conteúdos estão chegando às salas de aula: “a influência política da plataforma é cada vez mais sentida nas escolas brasileiras”. Os “professores descrevem salas de aula tornadas indisciplinadas por alunos que citam vídeos de conspiração do YouTube ou que, incentivados por estrelas de direita do YouTube, gravam secretamente seus instrutores” (FISHER; TAUB, 2021).

 

É importante entender e demarcar que a extrema-direita brasileira se apropriou da linguagem virtual dos grupos da alt-right. E isso é percebido na utilização de imagens com temas históricos para promover a agenda nacionalista, branca, masculina e cristã. É o que observamos na entrevista com o medievalista brasileiro Paulo Pachá, divulgada pela Agência Pública, na qual alertou para o fascínio dos extremistas com uma referência cruzadista, expressa, principalmente, nas inúmeras referências aos cavaleiros medievais, em especial, os Templários. Um emprego que vem “estampando camisetas, textos, tatuagens e tweets da extrema direita mundial desde que Donald Trump resolveu se lançar candidato à presidência dos EUA, em 2016” e que no Brasil “tem sido utilizada por bolsonaristas” (OLIVEIRA; RUDNITZKI, 2019).

 

Fonte: https://twitter.com/rosedbarros/status/1048926907113381889

 

A imagem foi retirada do perfil do Twitter de uma Youtuber. Aparentemente inocente, não diz nada mais do que nós apoiamos lutaremos por nosso país. Mas, como professores de História, não podemos deixar de atentar para a existência de diversas camadas ideológicas que dizem mais do que essa interpretação, digamos, um pouco rasa: há nacionalismo, há chauvinismo e há Cristofascismo. A começar pelos dizeres: salvar o Brasil de quem? Dos grupos privilegiados por governos anteriores: os negros, as mulheres, os indígenas e os LGBTQ+. Uma luta que virou patriotismo cristão, coisa que certamente não existia na Idade Média. Falamos, portanto, de um patriotismo religioso, voltado à criação de um etnoestado cristão, branco e masculino.

 

Este texto, portanto, tem dois objetivos: o primeiro é servir como alerta para os professores de História de que precisamos olhar com mais atenção para a internet. E, sem segundo, apresentar uma sugestão de como trabalhar a relação entre as redes sociais e a extrema-direita em sala de aula.

 

Metodologia e literatura

Segundo Marc Ferro (1992, p. 86), “os filmes, imagens ou não da realidade, documento ou ficção, intriga autêntica ou pura invenção, é história”. Dentro dessa perspectiva, o cinema deve ser entendido como um produto da sociedade, uma imagem-objeto, para usarmos as palavras de Ferro. Sendo assim, empreenderemos a análise do filme “Ele está de volta”, como uma fonte histórica que fala menos do tema filmado e mais da sociedade que o produziu. A essa noção de Ferro somamos a leitura de Abud (2003) que defende a função de agente da história do cinema, pois os filmes têm a capacidade de transmitir conceitos e valores do seu tempo, atuando como um produtor de sentidos. O nosso filme visto por esses autores, portanto, tem dois papéis no ensino de história: agente e documento.

 

Sendo assim, não avaliaremos o filme “Ele está de volta” como uma produção sobre o nazismo da segunda guerra mundial. Mas como um produto da nossa sociedade contemporânea, a qual, como vimos, é marcada pela circulação do neonazismo, uma forma nova do antigo nazismo, com suas próprias especificidades. E qual é a diferença entre os dois conceitos:

 

“Do ponto de vista cultural, o nazismo na Alemanha usou ostensivamente as artes e a propaganda para atingir o público [...]. Para tal, suprimiu as liberdades democráticas existentes. Os nazistas consideravam a democracia como a ‘muleta dos fracos’. Os fortes e resolutos ‘não precisam de democracia’. Todos os meios de comunicação, como rádio, cinema e jornais, passaram para o controle dos nazistas. O objetivo era destruir impiedosamente os oponentes ao regime e consagrar como heróis os seus apoiadores. [...] Os nazistas contemporâneos desviaram o foco da maledicência, de ódio e de preconceitos contra os judeus para os negros africanos [...]; para os pobres em todos os países; povos nativos da América Latina e atuais indígenas; mulçumanos e refugiados de guerra e, também, a mulher moderna que conquistou certa independência (MOURA, 2020).

 

Elucidada a diferença entre nazismo e o neonazismo, convém ainda prestar alguns esclarecimentos antes de continuarmos o texto. Dividiremos esse momento em dois: o primeiro diz respeito ao aspecto metodológico do texto e o segundo ao acesso aos materiais aqui trabalhados. No que tange à metodologia, escolhemos trabalhar o filme a partir do diálogo com notícias de jornais e revistas, e não com artigos científicos. É claro que tomamos o cuidado para que essa seleção não prejudicasse a nossa análise, pois a escolha das reportagens foi feita com base em artigos científicos e livros da área. Já no que se refere ao segundo esclarecimento, existe a oportunidade dos nossos leitores terem acesso ao filme e a um material montado para esse fim, bastando apenas clicar nessa palavrinha que está em negrito. Existe igualmente a possibilidade de ter acesso às notícias, mesmo não sendo assinante de algum desses portais online.

 

Sobre a utilização de jornais em sala de aula, dialogaremos com a leitura de Faria (2009; 2011). Para a autora, a metodologia que envolve o trabalho com os jornais em sala de aula tem a vantagem de ofertar contato direto com uma fonte histórica, o jornal, o que leva “o aluno a conhecer diferentes posturas ideológicas frente a um fato, a tomar posições fundamentadas e aprender a respeitar os diferentes pontos de vista” (FARIA, 2009, p. 11).

 

Ele está de volta

O filme “Ele está de volta”, em alemão “Er ist wieder da”, classificado como comédia, foi escrito e dirigido por David Wnendt, com base no romance homônimo de Timur Vermes. Estreou na Alemanha a 8 de outubro de 2015, e no Brasil a 9 de abril de 2016 pela Netflix (ER IST WIEDER DA, 2021). Basicamente, o enredo mostra como seria se Adolf Hitler voltasse para a Alemanha do ano 2014 e, entre várias selfies, percebemos que o Führer seria bem-vindo. É importante mencionar que essas cenas de apoio são reais. Por fim, entendemos ainda o filme como uma crítica à indústria cultural e à mídia comercial, as quais, para assegurarem audiências mais amplas, muitas vezes, legitimam discursos de ódio.

 

Começando a nossa análise, é importante demarcar que não vamos avaliar o filme seguindo a sua cronologia. Pelo contrário, dividimos a produção em dois eixos temáticos, a saber, 1. As mídias; 2. O papel da História.

 

No que tange às mídias, a primeira observação a ser feita é a sutil sugestão iconográfica entre o logo da emissora de televisão, responsável pela ascensão de Hitler, e o Youtube. Vejamos:

 

 



Fonte: https://youtu.be/Mdvtsy41o1A

 



Fonte: http://aldeia.biz/blog/social-media/conheca-os-10-videos-mais-importantes-youtube/

 

Para além do detalhe vermelho que se destaca nas logomarcas das duas empresas, a relação entre os pronomes “my” e “you” não deixa dúvidas de que existe a intencionalidade em ligar a ascensão midiática de Hitler ao fenômeno do Youtube. Tal associação não ocorre somente nesse momento. Em outra ocasião do filme, fica claro o papel dessa rede na promoção do nazista, quando diversos Youtubers aparecem comentando as falas do Führer em uma linguagem jocosa, acompanhada de muitas animações. Um detalhe chama atenção, a fala de um youtuber: “você não sabe se é para levar a sério ou dar risada?”. Alguns se questionam se a Alemanha está preparada para esse tipo de humor, enquanto outros ponderam que muita coisa do que Hitler diz é verdade.  Vejamos:

 

 



 

Fonte: https://youtu.be/T8Vshej-0-o

 

 



Fonte: https://youtu.be/T8Vshej-0-o

 

O elemento jocoso é o que nos importa. Em uma entrevista à BBC News Brasil, o professor de Filosofia Moderna e Contemporânea na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rodrigo Nunes, afirmou que essa tática é uma das principais armas da extrema-direita nas redes. Conhecida como troll, é a linguagem utilizada por Donald Trump e Jair Bolsonaro e que consiste em um jogo dúbio, “entre o que é brincadeira e o que é sério". Na mídia, isso acontece com a discussão de temas que são polêmicos, a partir de comentários racistas, homofóbicos ou machistas, objetivando provocar a reação de indignação, garantindo visibilidade. Nunes avaliou ainda que Bolsonaro já adotava a tática em sua carreira como parlamentar, pois “era um político completamente sem importância, cuja única visibilidade vinha disso" (VALLONE, 2020).

 

 



Fonte: https://conteudo.imguol.com.br/blogs/2/files/2018/10/bolsonarosuperpop2.jpg

 

 



Fonte: https://conteudo.imguol.com.br/blogs/2/files/2018/10/bolsonarocariocamito-300x243.jpg

 

As duas imagens ilustram bem como a ascensão de Jair Bolsonaro pode ser entendida em diálogo com o filme. Ao adotar a tática troll, o então candidato à presidência tornou-se famoso. Como se fosse um comediante, virou um fenômeno da internet e chamou atenção da televisão. Na primeira foto, aparece no programa da Luciana Gimenez performando o sinal que marcou toda a sua campanha: uma arma com os dedos. Aparentemente uma brincadeira extrovertida, este sinal deve ser entendido para além do caráter cômico: é uma alusão às suas bandeiras políticas extremistas, voltadas para a eliminação dos seus adversários, tal como ele mesmo disse, quando afirmou "Vamos fuzilar a petralhada", em campanha no Acre. (RIBEIRO, 2018). A segunda imagem é do humorista “Carioca” do programa “Pânico na TV”. A imitação fazia parte de um quadro intitulado “Mitadas do Bolsonabo”, com dezenas de episódios, nos quais dizeres racistas, homofóbicos e machistas eram apresentados como humor. 

 

No filme, um funcionário da emissora em que Hitler trabalha se incomoda com a exposição de ideias nazistas. Revoltado, performa a Hitlergruß e prossegue com dizeres “uma grande porcaria nazista” “e o povo gritando: ‘Hurrah!”. Insatisfeito, questiona a diretora se ela estava realmente ciente do que estava promovendo, pois, para ele, as pessoas gostam de Hitler por concordarem com tudo o que ele diz. Por fim, afirma que a promoção dessa “merda nazista” é porque diretora assumiu o papel de Goebbels. O intrigante neste trecho é justamente a associação entre a propaganda nazista da década de 1930 com o papel das mídias sociais. O que fica claro é a relação de casualidade: as redes são as principais responsáveis pela normalização desses discursos.

 

Cabe mencionar ainda outro elemento. As pessoas gritando “Hurrah”. Essa expressão era muito utilizada pelos partidários de Hitler para rememorar os espartanos. Uma relação também vista aqui no Brasil:

 

 



Fonte: https://cdn.jornaldebrasilia.com.br/wp-content/uploads/2020/06/300-protesto-stf-1024x683-1.jpg

 

De acordo com Dip e Franzen (2020), na Europa, os movimentos de extrema-direita fazem frequentemente referência ao filme 300 e à Batalha das Termópilas, entendendo o combate heroico dos espartanos contra persas como a atual luta dos “europeus verdadeiros” contra os “invasores” refugiados. No Brasil, o uso do discurso do sacrifício e do “sangue e suor” pela pátria tem relação direta com a luta pessoal de Jair Bolsonaro: contra os comunistas, os LGBTQ+, o movimento negro e assim por diante. O grupo de extrema-direita brasileiro ainda é liderado por Sara Winter, “homônimo ao de uma socialite britânica que foi espiã de Hitler e membro da União Britânica de Fascistas”. Na foto, observamos os militantes aparecem usando uma máscara de caveira. “A máscara, que também é vendida no Brasil, é muito popular na Europa e nos Estados Unidos entre neonazistas. A máscara de caveira virou uma estética universal fascista.”

 

Considerações finais

Por fim, passaremos ao papel da História. Mas antes lembremos da famosa do historiador britânico Peter Burke de que “a função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer". E, de fato, os historiadores foram os primeiros a apontar o dedo a Bolsonaro e dizer: “ele está de volta”. Não é à toa que os profissionais da área se tornaram objeto de críticas por parte do presidente e dos seus apoiadores. Bolsonaro, candidato à época, foi ao Jornal Nacional defender uma visão deturpada do Golpe Militar de 1964 e, ao fazer isso, deixou claro o seu objetivo ao dizer: “deixa os historiadores para lá” (BOLSONARO, 2018). E mais, os seus apoiadores nas redes iniciaram conjuntamente uma campanha para descredibilizar os professores. Basta digitar em algum mecanismo de pesquisa as palavras “o seu professor de História mentiu”.

 

Diariamente os professores de História precisam disputar as suas narrativas didáticas com as das redes sociais. De tal forma, queremos terminar este texto propondo o exercício de trabalhar a História na sala de aula aproximando esses dois mundos. Para tanto, é preciso pensar em estratégias de aprendizagem que utilizem as redes em sala de aula que busquem: a) compreen­der as comunidades virtuais como um ambiente onde narrativas históricas estão em disputa; b) promover a autonomia perante à avaliação de tais narrativas; c) enten­der como grupos extremistas manipulam essas comunidades virtuais como ferramenta ideológica para a promoção do ódio contra pessoas.

 

No filme, a História assume o papel de uma senhora. Na cena, Hitler é convidado para jantar na casa da namorada de Fabian Sawatzki. De ascendência judia, a moça reside com a sua vó, uma sobrevivente do holocausto. Essa senhora já havia aparecido anteriormente como portadora de “deficiência mental” e, mesmo nessa condição, não demora a reconhecer a voz de Hitler. Ela então fica muito nervosa e expulsa o Führer da casa. Enquanto isso, a neta tenta dissuadi-la, argumentando que o personagem ali não era o verdadeiro Hitler, mas um comediante. A senhora então diz: “pense na sua família. Tanta gente. Todos eles mortos. [...] era câmara de gás!”. Encarando-o mais de perto continua: “ele não mudou nada, diz as mesmas coisas. No começo as pessoas também davam risada. [...] eu sei quem você é, nunca me esqueci”.

 



Fonte: https://youtu.be/6vIUgNRdCbU

 

 



Fonte: https://youtu.be/6vIUgNRdCbU

 

Sabemos que no Brasil há obstáculos relacionados à cobertura da internet. Dificuldades que vão desde o acesso doméstico ou a existência de uma boa conexão em muitas unidades de Ensino. Em outros casos, existe o preconceito dos educadores para com as redes, as quais são bloqueadas nas escolas. Todavia, não podemos esquecer que, mesmo sem o acesso contínuo, é fato que os alunos já estão familiarizados com essas redes sociais e com o linguajar digital. Porém, eles não são educados a perceber como os conteúdos presentes, mesmo quando estão ali apenas para parecerem piadas, devem ser criticados e avaliados de forma científica, com uma metodologia.

 

E esse trabalho se torna cada vez mais urgente, ao levarmos em consideração o conteúdo deste texto: a extrema-direita global promove uma verdadeira guerra de desinformação no sentido de implementar a sua agenda extremista e ideológica, a qual vem ressuscitando alguns Hitlers.

 

E uma característica do Hitler e de seus seguidores é justamente o discurso antidemocrático. Por exemplo, no filme, após a consolidação da sua imagem nas mídias, o Führer vai a uma manifestação de neonazistas, os quais, segundo ele, são as pessoas “determinadas a dar continuidade ao seu trabalho”. Chegando ao encontro dos seus partidários, inicia uma conversa na qual dialoga com um jovem a respeito de pedófilos e dos problemas com a democracia, um sistema, segundo o rapaz, que falta quem dê a palavra final. E Hitler responde que esse é exatamente o tipo de democracia que ele defende.

 

 



Fonte: https://youtu.be/UDdvJhuWJHU

 

 



Fonte: https://youtu.be/UDdvJhuWJHU

 

Para terminar nossa reflexão com mais um exemplo de publicação nas redes, além da referência templária antidemocrática, mencionada na introdução deste texto, comentaremos mais meme de internet que ilustra muito bem como ataques ao sistema democrático são promovidos em diálogo com a História e com a aparência de “brincadeira”. Vejamos:

 





 

Fonte: https://twitter.com/loukanos_/status/1380994032713748485/photo/1

 

A essa imagem, adicionamos os comentários feitos a ela. Louvores à “autocracia”, ao “governo de um só”, assim como ataques à República e à Democracia por serem “coisas desprezíveis”. O interessante é perceber que o autor da postagem tenta fazer uma análise do meme. Ele diz: “A República [...] tinha muitos erros nas estruturas”. O erro apontado, no caso, pode ser facilmente percebido como um ataque direto às democracias modernas, uma vez que a República Romana do meme é entendida como o governo do povo e isso, em uma visão extremista, é muito ruim. Basta lembrarmos dos assuntos comumente trabalhados no conteúdo República Romana: Tribunos da Plebe, Reformas Agrárias, Revoltas de Escravos; Revoltas dos Italianos e a ascensão de plebeus ao exército. Conteúdos que muito se aproximam do debate político brasileiro. Afinal, acabamos de eleger um Presidente que ataca diretamente a democracia e que não poupa tempo em elogiar a Ditadura justamente por preferir o autoritarismo. E o intrigante é que no post há um comentário de uma agência de Informações na internet que aproveita o tema romano para atacar o STF, dizendo que os juízes dessa corte deveriam ver a imagem para aprender, antes de viramos uma Pompéia.

 

Por fim, findamos nosso texto com um convite aos professores e professoras de Ensino Básico e Médio: procurem conhecer como o conteúdo da História ensinada nas escolas aparece nas redes. Busquem trabalhar as aulas a partir desse cotidiano tão habitual dos jovens. Pois é lá que eles estão se informando mais sobre a História do que nas salas de aula.

 

Referências biográficas

Dr. Ygor Klain Belchior, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade de Campanha, e líder do Laboratório de Estudos e Pesquisas em História Antiga, Medieval e da Arte (LEPHAMA).

 

Referências bibliográficas

ABUD, K. M. A construção de uma didática da História: Algumas ideias sobre a utilização de filmes no ensino. HISTÓRIA, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 183-193, 2003.

 

BOLSONARO diz ao JN que criminoso não é 'ser humano normal' e defende policial que 'matar 10, 15 ou 20'. PORTAL G1, Brasília, 28 ago. 2018. Eleições 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/08/28/bolsonaro-diz-ao-jn-que-criminoso-nao-e-ser-humano-normal-e-defende-policial-que-matar-10-15-ou-20.ghtml >. Acesso em: 25 abr. 2021.

 

BRODERICK, Ryan. 10,000 Rounds Of Ammo And 25 Guns Were Seized From A Teenager Posting Far-Right Memes On iFunny And Discord. BUZZFEED NEWS, Nova Iorque, 13 ago. 2019. Tech. Disponível em: <https://www.buzzfeednews.com/article/ryanhatesthis/ammo-guns-seized-from-teen-radicalized-on-ifunny>. Acesso em: 17 abr. 2021.

 

DIP, Andrea; FRANZEN, Niklas. Especialistas apontam semelhanças entre os 300 de Sara Winter e grupos fascistas europeus. AGÊNCIA PÚBLICA, SÃO PAULO, 28 mai. 2020. Disponível em: <https://apublica.org/2020/05/especialistas-apontam-semelhancas-entre-os-300-de-sara-winter-e-grupos-fascistas-europeus/>. Acesso em: 16 abr. 2021.

 

ELE está de volta. Direção de David Wnendt. Munique: Constantin Film, 2015. 1 DVD (116 min.).

 

ER IST WIEDER DA. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Er_ist_wieder_da_(filme)> Acesso em: 25 abr. 2021.

 

FARIA, Maria Alice. Para ler e fazer jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2011.

______. Como usar o jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2009.

 

FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

 

FISHER, Max; TAUB, Amanda. How YouTube Radicalized Brazil. THE NEW YORK TIMES, Nova Iorque, 11 ago. 2019. The Interpreter. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2019/08/11/world/americas/youtube-brazil.html>. Acesso em: 17 abr. 2021.

 

LUCE, Edward. Terrorismo interno da seita QAnon é ameaça nos EUA. VALOR ECONÔMICO, São Paulo, 11 set. 2020. Mundo. Disponível em: <https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/09/11/terrorismo-interno-da-seita-qanon-e-ameaca-nos-eua.ghtml>. Acesso em: 08 abr. 2021.

 

MOURA, Antônio de Paiva. Nazismo e neonazismo: qual a diferença?: Os neonazistas desviaram o foco do ódio contra os judeus para os negros, pobres, povos nativos, refugiados e a mulher. BRASIL DE FATO, Belo Horizonte, 06 fev. 2020. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/02/06/artigo-nazismo-e-neonazismo-qual-a-diferenca-por-antonio-de-paiva-moura>. Acesso em: 03 abr. 2021.

 

OLIVEIRA Rafael; RUDNITZKI, Ethel. Deus vult: uma velha expressão na boca da extrema direita. AGÊNCIA PÚBLICA, São Paulo, 30 abr. 2019. Disponível em: <https://apublica.org/2019/04/deus-vult-uma-velha-expressao-na-boca-da-extrema-direita/>. Acesso em: 15 abr. 2021.

 

PRASAD, Ritu. Mãe de adolescentes alerta para perigos de extremismo online nos EUA. BBC NEWS BRASIL, São Paulo, 19 ago. 2019. Internacional. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49399769 >. Acesso em: 17 abr. 2021.

 

RIBEIRO, Janaína. "Vamos fuzilar a petralhada", diz Bolsonaro em campanha no Acre. EXAME, São Paulo, 03 set. 2018. Seção (se houver). Disponível em: <https://exame.com/brasil/vamos-fuzilar-a-petralhada-diz-bolsonaro-em-campanha-no-acre/>. Acesso em: 25 abr. 2021.

 

SCHATZ, Bryan. “It’s Like a Virus”: Fighting the Hate that Fueled the New Zealand Massacre Requires a Global Response. MOTHERJONES, São Francisco, 16 mar. 2019. Politics. Disponível em: <https://www.motherjones.com/politics/2019/03/wajahat-ali-new-zealand-shooting-global-problem-white-supremacy-isis/>. Acesso em: 06 abr. 2021.

 

SCHROEDER, Joanna. Do you have white teenage sons?. Nova Iorque, 13 ago. 2019. Twitter: @iproposethis. Disponível em: https://twitter.com/iproposethis/status/1161130456286289920. Acesso em: 23 abr. 2021.

 

VALLONE, Giuliana. Inspirado nos EUA, Bolsonaro adota tática de troll: testar limites para ganhar visibilidade, diz filósofo. BBC NEWS BRASIL, São Paulo, 22 fev. 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51511316>. Acesso em: 04 abr. 2021.

21 comentários:

  1. Que texto importante para nós professores de História. Suas colocações sobre como os jovens tem sido introduzidos a esse universo global da extrema direita tem sido uma constatação que tenho feito há pelo menos dois anos, sobretudo porque muitos dos nossos alunos trazem consigo esse discurso - ah prof é brincadeira. Inclusive, comecei a discutir feminismo na sala quando um aluno iniciou uma discussão sobre uma fake news da manuela d'avila na época tratando o feminismo como uma piada e desculpa de mulher. Daí percebi a gravidade da situação que nos encontramos. Quero saber contigo como você avalia o cenário atual em relação ao bolsonarismo e a cooptação dos jovens através das redes sociais? E nessa guerra cultural (parafraseando o prof joão cesar de castro rocha) no qual enfrentamos você acredita que nos professores deveriamos no caso ter uma formação para literacia informacional? Eu tenho essa preocupação porque talvez penso eu a História somente não de conta de estar sozinha nessa batalha? Qual sua opinião. Atenciosamente - (agora sim, com o meu nome certo, sempre esqueço, rsrs!
    Bruna Carolina Marino Rodrigues

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    1. Oi, Bruna. Primeiro, obrigado pela pergunta e por ter compartilhado o pequeno relato. De fato, a internet vem educando os nossos jovens. Isso, na verdade, era um efeito esperado do produto - ela é feita para divulgar informações. Todavia, o que vem sendo feito é um trabalho de divulgação de inúmeras informações sem nenhum tipo de filtro. É possível gravar praticamente qualquer coisa no Youtube e quanto mais polêmico, melhor. Basta ver a besteira que o Constantino falou de sua filha: ele não culparia um possível estuprador de sua filha, mas cobraria ela por estar em um ambiente que não é de moça de família. Isso não é só terrível, mas é um caça like, dislike, comentários positivos e comentários negativos. Por não haver filtro, isso fica lá gerando números para o algoritimo e dando dinheiro para uma pessoa dessas. Enfim, o papo está ficando longo - qualquer coisa continuamos - e o que estou querendo dizer é: não há filtro porque é do interesse da empresa e de quem passa desinformação. Gera lucro. Nós, professores, podemos é começar a denunciar esses conteúdos dentro das nossas disciplinas com base no conteúdo científico da disciplina. É tipo: vou explicar o que está errado nisso. Ou onde está a manipulação. Só que para isso precisamos reverter outra coisa que é bem capitalista: nunca arme um professor, principalmente da escola básica. Os alunos sem uma educação de qualidade são os próximos consumidores. Seria legal se a gente tivesse condições de ter tempo para estudar mais e ter um treinamento legal nas ferramentas digitais. A guerra cultural é travada nas redes. Abraços

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    2. Obrigado, Prof. Ygor e Bruna Rodrigues pelo debate! Me fez pensar muitas coisas...

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  2. Caro Prof. Ygor Belchior, uma questão que fiquei pensando ao longo da leitura do seu texto: como você discutiria o anacronismo histórico dentro desse debate? Por fim, muito obrigado por compartilhar esse texto e demonstrar teórica e metodologicamente o trabalho de um historiador e professor de História. Como professor da área, confesso que aprendi bastante com sua narrativa, grato pelo convite!

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    1. Caro Luiz, obrigado pela leitura e pela pergunta. Bem, eu decidi que o anacronismo, quando bem trabalhado e bem controlado pelo historiador, é uma ferramenta bem legal para o Ensino. Gosto muito de partir deles: mostrar, por exemplo, como o cavaleiro medieval bolsonarista não tem nada com um templário antigo. E há textos muito legais sobre esse assunto. Recomendo os trabalhos do Prof. Bruno Uchoa para medieval. E, é claro, tem algumas coisas que eu rabisquei. Não são lá tão boas, mas pode conferir por sua conta e risto na minha conta do academia.edu e no meu canal youtube.com/LEPHAMATV

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    2. Obrigado, Prof. Ygor! Concordo que o anacronismo nesse sentido se torna uma ferramenta bem legal, desconstrutiva e crítica à outras narrativas. Grato também pelas indicações. Vou acessar seus canais! Abraços

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  4. Olá!

    Texto de uma urgência ímpar, sem dúvida.

    O filme, tal qual a situação brasileira hodierna, seria cômico, se não fosse trágico.

    De que forma podemos transformar a "senhora portadora de 'deficiência mental'" em porta-voz denunciante das incongruências, anacronismos e má-fé de "tudo isso que está aí"?

    Grato pela atenção.

    Saudações!

    Willian Spengler

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    1. Eu sou a senhora com muito orgulho. Acredito que o papel do Prof. de História está cada vez mais próximo de um denunciante do que de um calendário, como era antigamente. Abraços

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  5. O revisionismo histórico faz parte do trabalho do historiador e do debate historiográfico desde que respeite o estatuto científico da história e seu compromisso com a verdade. Como separar o revisionismo histórico do revisionismo ideológico dentro de uma sala de aula ou em espaços de debate/disputa mais amplos, a exemplo das redes sociais?
    Atte,
    Auricharme Cardoso de Moura

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    1. Oi, Aurichame. Legal a pergunta. Eu só acho que não tem como separar os dois. Afinal, a revisão é totalmente ideológica. É preciso ter muito domínio da ideologia sobre a qual vc se debruça, nem que isso te leve aa ter gastrite. Tem que conhecer como o extremista pensa e fala para entender como ele manipula o passado. Abraços!

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  6. Olá, professor, faço das palavras dos participantes acima as minhas, seu texto é de urgência ímpar. Porém, ressalvo que, como experiência vivida e ouvida, nas unidades privadas de ensino é "proibido" que o professor de história tome partido deste ou daquele partido. Nas aulas de História, não podemos levantar debates que vão de encontro com os interesse dos pais (alienados) que levantam a bandeira de classes privilegiadas das famílias cristãs. Penso, que a retaliação é vivida por diversos colegas de profissão, que se submetem a neutralidade por questão de sobrevivência.

    Lidiane Álvares Mendes
    Mestra em História/UFAM

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    1. Lidiane, eu concordo com todas as suas palavras. Acredito ainda que p único espaço para isso seja o acadêmico e público. É por isso que não culpo nenhum professor de história pelo fascismo que vivemos. Nós nunca falhamos! É preciso mudar a sociedade para que possamos ao menos ter a chance de ensinar. Grande abraço!

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  7. Olá Ygor, tudo bem?

    Primeiro, parabéns pelo seu texto, sem dúvida ele levanta questões importantes não apenas para a sociedade, mas, também, mas para o ensino de história.

    Fiquei pensando em duas questões durante a leitura e compartilho com você.
    A primeira diz respeito ao que você pensa sobre as formas de controle social sobre as plataformas (facebook, youtube, instagram), depois da eleição de Trump o facebook parece ter mudado algumas posturas, atuando de maneira mais efetiva no controle das fakenews, embora seja claro que ele lucra muito com os anúncios enganosos. Como você entende esta questão, existe alguma forma de controle seguro das redes, sem que deslizemos para a censura e coisas do tipo?

    Minha segunda questão diz respeito ao ensino de história e os enfrentamentos entre o conhecimento do professor cientista social e este tipo de "conhecimento" ideológico trazido pelos alunos. Será que existe alguma saída? Penso sempre que também devemos mostrar o conteúdo ideológico deste conhecimento entendido como neutro. Você acha este um bom caminho?

    Novamente, parabéns pelo trabalho!
    Att,

    David Antonio de Castro Netto
    UNESPAR - Campus - Paranávai/PR

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    1. Olá, David. Obrigado pelas perguntas. Sim, as plataformas estão mais atentas às fake news. Porém, não sei se elas vão conseguir anular as manipulações da História. Negacionismo contra a vacina é uma coisa que é fácil ver o problema. Agora, o negacionismo histórico entra naquele debate: é minha opinião, não me censure. Quanto à segunda pergunta, concordo com você que devemos mostrar onde está o conteúdo ideológico e que o que eles pensam não é neutro. Isso já seria uma boa lição. Grande abraço!

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  8. Prezado Igor,
    Que trabalho fantástico, com base na pesquisa e diante de tantos desafios na atualidade de que forma o ensino de História pode contribuir para esse debate?

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    1. Olá, Ane. O Ensino de História é a chave para que possamos enfrentar os desafios do nosso cotidiano. Acredito que ele tem muito a contribuir.

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  9. Muito importante a reflexão feita no texto, me fez lembrar que quando eu comecei a ter acesso aos meios de comunicações digitais eu acreditava em tudo o que via e achava "certo" muitos atos preconceituosos feitos como piada.
    Mas com o passar dos anos eu fui desconstruindo isso, e hoje em dia uso a internet como ferramenta de ensino, aprendi filtrar muitos conteúdos que não acrescentam nada para minha aprendizagem.
    Mas a minha pergunta é: como devemos conciliar o ensino de história como forma de desconstrução para as alunos que durante um bom tempo teve ideias formadas por apenas memes na internet, algo que seria visto como "sem graça" em relação aos memes?

    Valéria Costa Fortunato - UFMS

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    1. Olá, Valéria. Obrigado pela leitura e pela pergunta. Olha, acredito que temos que mudar um pouco a nossa linguagem de ensino. A escola tradicional, do livro didático engessado, não dá mais. Eu sei que nunca teremos os mesmos mecanismos que os criadores de memes e nem devemos ser youtubers, mas é importante que os professores aprendam as novas linguagens. E para isso temos que repensar até mesmo as nossas carreiras: temos tempo para aprender algo novo? Abraços

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