Fabian Filatow

 

ENSINO DE HISTÓRIA E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: IMAGEM COMO EVIDÊNCIA HISTÓRICA


 

Introdução

O presente texto busca construir um espaço de diálogo entre Ensino de História e histórias em quadrinhos. Diálogo que terá como ponto de intersecção as possibilidades dos usos das imagens como evidências históricas. Tal proposta tem como referências teóricas as obras de Peter Burke (2017), onde o autor propõe reflexões sobre os usos das imagens como evidências históricas; a obra de Eduardo França Paiva (2006), na qual é oferecida uma análise entre História e imagens e na qual o autor demonstra a renovação historiográfica sobre as potencialidades e os cuidados com o uso da imagem como fonte histórica. Por fim, utilizamos o capítulo escrito por LIMA e CARVALHO (2009) no qual as autoras realizaram um estudo específico abordando a fotografia e seus usos sociais e historiográficos. Nesta seleção, acreditamos ter uma melhor compreensão sobre o uso das imagens como evidências históricas, uma aproximação entre História e imagem e, por fim, um olhar mais acurado sobre a fotografia.

 

A justificativa desta reflexão impõe-se pela intensa presença das imagens na sociedade contemporânea. Estamos cientes da presença da imagem na história da humanidade. Porém, nem sempre este recurso visual recebeu as devidas análises no ambiente escolar, e mais especificamente, nas aulas de História. Podemos identificar em diversos materiais didáticos ou paradidáticos disponíveis na Educação Básica que a imagem ocupa, muitas vezes, um lugar de ilustração, ou quando muito, inserida como forma de corroborar informações contidas no texto escrito. Esta forma de utilização limita o potencial desta fonte visual.

 

Antes de avançarmos na discussão, acreditamos ser necessário evidenciar como compreendemos histórias em quadrinhos, objeto que terá neste estudo papel de referência, bem como seus usos. De maneira preliminar podemos definir as histórias em quadrinhos como o resultado de duas formas de linguagens: imagética e escrita. Neste estudo, gostaríamos de refletir sobre as possibilidades oriundas das histórias em quadrinhos que buscam ser um canal de contato com fatos do passado histórico. No caso aqui analisado temos a fotografia como registro dos crimes e atrocidades cometidas pelos nazistas durante o Terceiro Reich (1933-1945) e tendo como recorte espacial o campo de concentração de Mauthausen, localizado na Áustria, então sob domínio nazista. Para dar conta desta proposta analisaremos a história em quadrinho intitulada El fotógrafo de Mauthausen, publicada em Barcelona pela Norma Editorial em abril de 2018 e, até o momento, sem tradução para o português. A novela gráfica Le Photographe de Mauthausen foi publicada originalmente em 2017 pela editora belga Le Lombard, escrita por Salva Rubio, com desenhos de Pedro J. Colombo e colorida por Aintzane Landa. Neste estudo utilizamos a edição espanhola. Obra que conta a experiência vivida pelo fotógrafo espanhol Francisco Boix. Como resultado da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), Boix atravessou a fronteira da Espanha com a França, local onde ficou retido num campo e, com a ocupação da França pelos nazistas, foi enviado para o campo de concentração de Mauthausen, juntamente com outros espanhóis.

 

Ensino de História e Histórias em Quadrinhos

Antes de avançarmos na análise, acreditamos ser prudente evidenciar como compreendemos o Ensino de História e histórias em quadrinhos, com um pouco mais de atenção. E, de posse dessa compreensão, daremos seguimento ao estudo das imagens como evidências históricas.

 

As histórias em quadrinhos podem ser identificadas como uma mídia global e estão na ordem do dia a um longo tempo. Não é de hoje que nos deparamos com reflexões sobre os múltiplos usos dos quadrinhos no ambiente escolar. Mas é necessário estar ciente de que esta mídia apresenta peculiaridades, ou seja, agregam diferentes aspectos da comunicação, tanto visual quanto verbal. Para Will Eisner:

 

“A configuração geral da revista de quadrinhos apresenta uma sobreposição de palavra e imagem e, assim, é preciso que o leitor exerça as suas habilidades interpretativas visuais e verbais. As regências da arte (por exemplo, perspectiva, simetria, pincelada) e as regências da literatura (por exemplo, gramática, enredo, sintaxe) superpõem-se mutuamente. A leitura da revista em quadrinhos é um ato de percepção estética e de esforço intelectual.” (EISNER, 2001, p. 8).

 

Neste sentido, as histórias em quadrinhos têm muito a contribuir com o desenvolvimento das competências e habilidades que fazem parte das exigências do Ensino de História na Educação Básica. Sua compreensão exige dos leitores(as) decifrar imagens, compreender “sons”, perceber os diferentes tempos e espaços que podem estar presentes numa única história ou mesmo em uma única página da obra. Compreender o antes, o depois, os tempos simultâneos, os diferentes espaços mencionados na narrativa. Ou seja, é necessário compreender a presença do múltiplo numa história em quadrinho. Como argumentou Vergueiro: “a alfabetização na linguagem específica dos quadrinhos é indispensável para que o aluno decodifique as múltiplas mensagens neles presentes e, também, para que o professor obtenha melhores resultados em sua utilização.” (VERGUEIRO, 2016, p. 31). Neste sentido, concordamos com a necessidade de uma alfabetização no que diz respeito aos quadrinhos, pois:

 

“(...) nota-se que as histórias em quadrinhos constituem um sistema narrativo composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal. Cada um desses ocupa, dentro dos quadrinhos, um papel especial, reforçando um ao outro e garantindo que a mensagem seja entendida em plenitude. Alguns elementos da mensagem são passados exclusivamente pelo texto, outros têm na linguagem pictórica a sua fonte de transmissão. A grande maioria das mensagens dos quadrinhos, no entanto, é percebida pelos leitores por intermédio da interação entre os dois códigos. Assim, a análise separada de cada um deles obedece a uma necessidade puramente didática, pois, dentro do ambiente das HQ's, eles não podem ser pensados separadamente.” (VERGUEIRO, 2016, p. 31).

 

As histórias em quadrinhos também são produtos fabricados pela sociedade e, como toda fonte histórica utilizada em sala de aula, também oferece uma significativa contribuição para o desenvolvimento do conhecimento histórico. Contribuição que poderá ser potencializada se a proposta pedagógica estiver embasada numa concepção interdisciplinar.

 

Segundo Fazenda, “o que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir.” (FAZENDA, 1991, p. 18).    Certamente esta abordagem pode contribuir para o ensino de História. Pois,

 

“(…) ensinar História é estabelecer relações interativas que possibilitem ao educando elaborar representações sobre os saberes, objetos de ensino e da aprendizagem. O ensino se articula em torno  dos alunos e dos conhecimentos, e as aprendizagens dependem desse conjunto de interações. Assim, como nós sabemos, ensino e aprendizagem fazem parte de um processo de construção compartilhada de diversos significados, orientado para a progressiva autonomia do aluno.” (GUIMARÃES, 2012, p. 166-167)

 

Para contribuir com esta perspectiva de transformação, de exercício do pensar e do construir, as histórias em quadrinhos se oferecem como um recurso de ensino importante. Exigem dos estudantes uma atitude ativa. Permite a formulação de diversos questionamentos e a possibilidade de serem abordadas diferentes temáticas pertinentes à disciplina. O grande desafio da educação é, no nosso entender, contribuir para a formação de indivíduos autônomos do ponto de vista da capacidade de construir conhecimento e saberes, principalmente, de saber utilizá-los na vida cotidiana. No passado, o importante era dominar o conhecido, hoje, o foco está em dominar o desconhecido. A educação visa contribuir para que o sujeito consiga desenvolver habilidades e competências para serem aplicadas diante de situações que lhe são impostas. Entre estes desafios estão inseridos os usos das imagens.

 

Na sequência, iremos analisar trechos selecionados da obra El fotógrafo de Mauthausen objetivando demonstrar algumas das possibilidades da sua utilização para o Ensino de História, principalmente no uso das imagens como evidências históricas.

 

El fotógrafo de Mauthausen e a fotografia como evidência histórica

A obra narra a trajetória de Francisco Boix, fotógrafo e militante comunista espanhol, nascido em Barcelona no dia 31 de agosto de 1920 e falecido na capital francesa em 7 de julho de 1951, com a idade de 31 anos. Boix lutou no Exército Republicano durante a Guerra Civil Espanhola. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e na companhia de outros compatriotas foi deportado para o campo de concentração e de trabalho forçado de Mauthausen. O campo ficava localizado a 20 km de distância da cidade de Linz, na Áustria, país anexado ao Terceiro Reich em março de 1938. Com o desenrolar da guerra o campo foi ampliado e transformou-se em campo de extermínio, com uma câmara de gás construída em 1942. Havia três categorias para os campos. Mauthausen era o único de 3ª categoria, a mais dura (Auschwitz era categoria 1). Essa 3ª categoria era para os irrecuperáveis que deveriam ser exterminados por meio do trabalho. Em Mauthausen prestavam serviços aproximadamente 5.000 soldados da SS. Teriam passado pelo campo aproximadamente 15 mil prisioneiros.

 

Boix chegou a Mauthausen no dia 27 de janeiro de 1941. Como prisioneiro recebeu o número 5185. Usava um triângulo azul com um S de Spanier (espanhol). Deixou o campo somente após a libertação do campo em 1944. Como o retorno à Espanha era impossível, acabou indo para a França.

 

Devido ao seu conhecimento prévio sobre fotografia, Boix foi recrutado como ajudante do comandante Paul Ricken (1892-1964) que fotografava o horror do extermínio. Como fotógrafo presenciou os crimes cometidos pelos nazistas em Mauthausen, porém quando estas fotos eram reveladas ficavam registradas como tentativas de fuga, o que adulterava a realidade.

 

Boix percebeu que as fotografias eram os testemunhos dos crimes nazistas e que deveriam ser de conhecimento público. Orquestrando um plano ousado, conseguiu transpor algumas fotografias para fora do campo e com o fim do conflito foram utilizadas como documentos nos Julgamentos de Nuremberg, sendo Boix o único espanhol presente. A história em quadrinho retrata a luta de Boix para que a verdade sobre o que ocorreu em Mauthausen seja conhecida.

 

A seguir, analisaremos algumas cenas selecionadas da história em quadrinho, privilegiando aquelas que demonstram a fotografia como evidência histórica. Informamos que as páginas da HQ não estão paginadas, inserimos números de páginas nas imagens selecionadas para fins de localização na obra. Iniciamos a contagem a partir da folha de rosto. Por fim, ainda queremos fazer uma referência ao Dossiê Histórico que completa a obra e está no final da mesma. Um estudo realizado por renomados historiadores e pesquisadores do complexo de Mauthausen e questões correlatas, iniciando na página 113 e encerrando na página 168. Neste dossiê está disponibilizado documentos, biografias, fotografias e outras informações.

 

Nas três cenas selecionadas a seguir temos uma sequência importante. A chegada de Francisco Boix no campo Mauthausen. Importante para destacar a identidade do personagem/sujeito histórico, sua vestimenta de prisioneiro e o número que recebe (signos, perda da identidade). Destacar que através destes vestígios, nome, número e local de prisão, por exemplo, é possível reconstruir as trajetórias destes sujeitos históricos que viveram nos campos sob o horror nazista.

 





RUBIO, 2018, p. 17.

 

Na segunda cena, à direita e acima, temos a topografia do local, a pedreira de onde eram retiradas as pedras de granito através do trabalho dos prisioneiros. Local de tormento para estes trabalhadores forçados. É possível identificar o ambiente no qual o campo estava inserido. Perceber a geografia ao redor do campo. Por fim, a terceira cena, à esquerda e abaixo, nos remonta a difícil subida dos prisioneiros com as pedras nas costas e os crimes ou suicídios que ocorriam na beira do penhasco.

 

Na seleção seguinte temos a fotografia como documento de falsificação/adulteração, ou seja, as fotos que eram tiradas no campo eram utilizadas como material de propaganda nazista. Um cenário fictício era criado e retratado pelas fotos.

 



RUBIO, 2018, p. 23.

 

Na imagem abaixo temos outra referência ao uso da fotografia como documento forjado/alterado. Depois do assassinato de algum prisioneiro criava-se uma cena fictícia para fins de “arte” segundo Paul Ricken. Após serem reveladas estas fotografias eram arquivadas como tentativa de fuga.

 

RUBIO, 2018, p. 37.

 

Na sequência temos a representação das visitas que ocorriam no campo, tanto de oficiais nazistas quanto de civis da vizinhança. As quais também eram registradas pelas lentes da máquina fotográfica.

 


RUBIO, 2018, p. 50.

 

Fotos que no futuro, no Julgamento de Nuremberg, serviram como provas para condenar vários criminosos nazistas, sendo Boix o único espanhol a depor. Evento que foi retratado nas cenas da HQ.



RUBIO, 2018, p. 85

 

Das imagens acima, surgem possibilidades. A primeira é a presença de um sobrevivente do campo de concentração, o seu testemunho, sua oralidade, sua voz e mais, o uso das fotografias como provas da verdade, provas dos crimes ocorridos no passado que ainda não passaram. Seu uso como evidências históricas das atrocidades cometidas. A segunda referência que destaco são as quatro bandeiras, representando os vencedores da guerra: URSS, Inglaterra, Estados Unidos e França. Por fim, chamar a atenção dos estudantes para o ambiente do julgamento, vestimentas, a formalidade, os documentos.

 

Na próxima cena selecionada temos a exibição das fotografias no julgamento. Elas estão postas como provas contra os acusados. Francisco Boix é chamado a explicar e identificar as fotografias, os documentos visuais, as evidências.

RUBIO, 2018, p. 87

 

Através das imagens projetadas temos a memória do horror. Porém, Boix choca-se com a pressa e com a falta de interesse por parte dos juízes em conhecerem os muitos detalhes que ele tem para testemunhar. O que pode ser um ponto de discussão importante na sala de aula: a importância do testemunho, da história oral, ou como argumentou Verena Alberti (2018) “histórias dentro da História”.

 

Partindo das imagens selecionadas, concordamos com a proposição de Meneses, quando defende “que no campo dos estudos visuais, como em qualquer campo dos estudos históricos, o importante é a construção de problemas históricos que poderão vir a ser resolvidos através das fontes eleitas” (MENESES, 2003, p. 28, In: VASQUES; PIRES, 2017, p. 151). Neste caso, as imagens da história em quadrinho nos provocam reflexões sobre os usos das fotografias, especialmente no caso dos crimes do Terceiro Reich, tanto como propaganda quanto como evidências de acusação. São os diferentes usos das imagens.

 

“Essa é uma proposição que considera o papel que as imagens têm na construção cultural de uma determinada sociedade e de um contexto histórico, colocando-as como evidências históricas importantes e se afastando, enfim, do seu emprego meramente ilustrativo.” (VASQUES; PIRES, 2017, p. 151) Aqui nos distanciamos do uso da imagem como mera ilustração. Estamos concebendo-as como fontes históricas, mesmo inseridas numa narrativa de história em quadrinho.

 

Enfim, podemos indicar que os quadrinhos podem contribuir para refletirmos sobre determinadas realidades históricas, casos de violência, ataques aos Direitos Humanos etc.

 

Apontamentos finais

Visando um fechamento da reflexão aqui desenvolvida, acredito ser possível afirmar que as histórias em quadrinhos se oferecem como um rico material a ser explorado pelos historiadores(as), tanto no âmbito da pesquisa quanto no uso do Ensino de História na Educação Básica.

 

É um material que torna o estudante ativo na interpretação, no seu aprendizado. Exige deste habilidades e competências múltiplas para destrinchar a narrativa, tanto com elementos imagéticos quanto elementos da escrita. No caso da obra aqui analisada, exige o conhecimento prévio, ou proporciona o desafio de buscar as informações, sobre o período da Segunda Guerra Mundial. Ao longo da narrativa diversas informações sobre o contexto são exigidos do leitor(a), sendo mencionados ao longo da história. A obra faz uso de difentes temporalidades. Insere informações que serão retomadas no decorrer da narrativa, como no caso demonstrado das visitas dos oficiais, estes foram fotografados no momento em que estavam no controle, no domínio da situação, porém, com o fim da guerra e posterior julgamento, estas fotos serviram como evidências históricas de suas participações nos crimes cometidos durante o conflito, especialmente no caso do campo de Mauthausen.

 

Encerrando, Ensino de História e histórias em quadrinhos podem fomentar uma discussão importante nos estudantes, principalmente quando este debate parte de uma perspectiva interdisciplinar e promovendo o estudante em ator ativo da construção do seu conhecimento.

 

Referências

Pós-Doutorado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre, Bacharel e Licenciado em História pela UFRGS. Professor de História na Rede Municipal de Educação da Prefeitura de Esteio (RS), Ensino Fundamental II. Professor de História na Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul, Ensino Médio.

 

ALBERTI, Verena. Histórias dentro da História. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). 3ª ed. São Paulo: Fontes históricas. Contexto, 2018, p. 155-202.

 

BARROS, José D'Assunção. Interdisciplinaridade na História e em outros campos do saber. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2019b.

 

BURKE, Peter. Testemunha ocular: o uso de imagens como evidência histórica. São Paulo: Editora Unesp, 2017.

 

DIDI-HUBERMAN, Georges. Imagens apesar de tudo. São Paulo: Editora 34, 2020.

 

FONSECA, Thais Nivia de Lima. História & Ensino de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

 

LIMA, Solange Ferraz de; CARVALHO, Vânia Carneiro de. Fotografias: usos sociais e historiográficos. In: PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA, Tania Regina de (orgs.). O Historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 29- 60.

 

LOPES, Arsiteu Machado; RODRIGO FILHOS, Artur; COLLARES, Marco Antonio (orgs.). A História através das mídias: representações, personagens, fontes. Curitiba, PR: Brazil Publishing, 2019.

 

OLIVEIRA-SILVA, Geral Magela de. A arte sequêncial como possibilidade, produção de conhecimento e saberes no Ensino de História. In: PEREIRA, Ana Carolina Costa; ALCÂNTARA, Cláudia Sales de. História em quadrinhos: interdisciplinaridade e educação. São Paulo: Editora Reflexão, 2016, p. 163 – 180.

 

PAIVA, Eduardo França. História & Imagens. 2ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

 

PEREIRA, Ana Carolina Costa; ALCÂNTARA, Cláudia Sales de. História em quadrinhos: interdisciplinaridade e educação. São Paulo: Editora Reflexão, 2016.

 

RUBIO, Salva; COLOMBO, Pedro J.; LANDA, Aintzane. El fotógrafo de Mauthausen. 2ª ed. Barcelona: Norma Editorial, 2018.

 

VASQUEZ, Laura; PIRES, Conceição. Percursos teóricos e metodológicos dos estudos sobre Hqs na Argentina e Brasil. In: ROFRIGUES, Rogério Rosa. (org.). Possibilidades de pesquisa em História. São Paulo: Editora Contexto, 2017, p. 137-170.

6 comentários:

  1. Ótimo texto! Irei trabalhar o quadrinho "Confinada" do Leandro Assis e da Triscila Oliveira no meu TCC, e esse artigo me mostrou novas possibilidades. O “Confinada” mostra como a pandemia tornou mais perceptível a desigualdade social, abordando temas como racismo, as possibilidades de confinamento para pessoas pobres e que moram em favelas, relações entre patroas e empregadas domésticas, e muitas vezes utiliza falas racistas de “influenciadores digitais”, que rapidamente são esquecidas pela mídia e pelas pessoas. A minha dúvida é a seguinte: visto que a segunda guerra mundial, o nazismo, o julgamento de Nuremberg são acontecimentos amplos, recheados de fontes e evidências históricas, acredito que seja mais fácil trabalhar quadrinhos como “El fotógrafo de Mauthausen” ou “Maus” em sala de aula, mas como as fontes sobre esses casos de racismo mostrados em “Confinada” são mais escassas ou até mesmo mais difíceis de relacionar com os acontecimentos reais, isso compromete a sua utilização em sala de aula no futuro?

    Att:
    Ana Claudia Pereira Mota

    ResponderExcluir
  2. Oi Ana Cláudia P. Mota.

    Agradeço pela leitura do texto e pelas considerações. Eu, infelizmente, ainda não conheço a HQ "Confinada", mas fiquei muito interessado a partir das suas informações sobre o mesmo. Realmente um tema necessário de ser abordado, trabalhado e discutido nos dias atuais este descrito por você no HQ "Confinada". Vamos ver se conseguimos pensar juntos algumas possibilidades. Acredito que o fator de ser mais escassas as fontes ou difíceis não impede em nada o uso do quadrinho em sala de aula, até mesmo porque a temática é tanto histórica - pensando na longa duração do racismo na História do Brasil, quanto atual, pois como você mesmo mencionou a pandemia tornou explícita esta triste realidade ainda vigente na sociedade brasileira. Pensar em relacionar com charges, reportagens de jornais de outras épocas que evidenciam a prática do racismo e do preconceito. Acredito que o uso quadrinho "Confinada" em sala de aula pode fomentar a reflexão sobre as formas do racismo estrutural que perdura em nosso país. Partindo da atualidade, da realidade dos estudantes (por exemplo: situações vivenciadas na HQ no período da pandemia) buscar refletir sobre a longa tradição do racismo desde o período colonial, passando pelo Brasil Imperial e adentrando o período Republicano de nossa história. Espero que tenha ajudado e desejo-lhe sucesso no seu TCC. Abraço.

    Fabian

    ResponderExcluir
  3. Muito interessante o texto. Minha pergunta é: Como seria uma metodologia ativa no ensino de história, buscando resultados semelhantes aos apresentados no texto, utilizando TIC's por exemplo ou outros recursos, levando em conta que a maioria das escolas não possuem meios para disponibilizar HQ's para todos os alunos??

    Att
    Carolina Luiza Feldkircher Gonzaga

    ResponderExcluir
  4. Oi Carolina Luiza.
    Obrigado pela leitura do texto e pelas contribuições e questionamento. Vou responder tomando minha experiência como professor da Educação Básica. Um dos recursos que podemos nos valer, e que eu fiz, foi selecionar trechos das HQ's e distribuir aos estudantes, dependendo do caso realizar leituras em duplas. Outro recurso que fiz uso foi projetar via data show (na escola que disponibilizava) e realizar ruma leitura coletiva. Claro que não é a situação ideal, nem a mais desejada, mas foi uma forma de permitir o acesso as HQ's. Num caso muito específico, eu mesmo comprei 20 exemplares de uma HQ específica (A Busca) e levei para as turmas que trabalhava. As leituras ocorreram em sala de aula (isso antes da pandemia, claro). Destinava um dos períodos da disciplina de História para a leitura da HQ e depois de alguns encontros seguimos com o projeto. Neste sentido, além de oportunizar o contado, de diferentes formas como mencionei acima, foi possível efetivar alguns projetos tendo as HQs como objeto de análise entre estudantes da Educação Básica. Espero ter ajudado. Abraço.

    ResponderExcluir
  5. Eu estou fazendo meu tcc, com imagens e quadrinhos, gostaria de saber se tu me indica alguma bibliografia e teve alguma dificuldade na feitoria do texto?

    ResponderExcluir
  6. Olá Felipe.
    Primeiramente obrigado pela leitura do texto e pelo seu questionamento.
    Escrever é sempre um desafio, e não é fácil, é um fazer e refazer constante. O mais importante é ter um objetivo claro do que se pretende com a escrita de um texto. Isso vale também para quando estamos analisando quadrinhos. Sobre a bibliografia, talvez pensando no seu TCC possa ser útil, indicaria:

    LOPES, Aristeu Machado; RODRIGO FILHO, Artur; COLLARES, Marco Antônio (orgs.) A história através das mídias: representações, personagens, fontes. Curitiba: Brazil Publishing, 2019.

    JUNIOR, Gonçalo. A Guerra dos Gibis: a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-64. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

    RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2018.

    VERGUEIRO, Waldomiro; RAMA, Angela; RAMOS, Paulo; VILELA, Túlio. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2016.

    MAZUR, Dan; DANNER, Alexander. Quadrinhos: história moderna de uma arte global. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

    Espero ter ajudado. Desejo a você muito sucesso no seu TCC. Abraço.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.