ENSINO DE HISTÓRIA E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: IMAGEM COMO EVIDÊNCIA
HISTÓRICA
Introdução
O presente texto busca
construir um espaço de diálogo entre Ensino de História e histórias em
quadrinhos. Diálogo que terá como ponto de intersecção as possibilidades dos
usos das imagens como evidências históricas. Tal proposta tem como referências
teóricas as obras de Peter Burke (2017), onde o autor propõe reflexões sobre os
usos das imagens como evidências históricas; a obra de Eduardo França Paiva
(2006), na qual é oferecida uma análise entre História e imagens e na qual o
autor demonstra a renovação historiográfica sobre as potencialidades e os
cuidados com o uso da imagem como fonte histórica. Por fim, utilizamos o
capítulo escrito por LIMA e CARVALHO (2009) no qual as autoras realizaram um
estudo específico abordando a fotografia e seus usos sociais e
historiográficos. Nesta seleção, acreditamos ter uma melhor compreensão sobre o
uso das imagens como evidências históricas, uma aproximação entre História e
imagem e, por fim, um olhar mais acurado sobre a fotografia.
A justificativa desta
reflexão impõe-se pela intensa presença das imagens na sociedade contemporânea.
Estamos cientes da presença da imagem na história da humanidade. Porém, nem
sempre este recurso visual recebeu as devidas análises no ambiente escolar, e
mais especificamente, nas aulas de História. Podemos identificar em diversos
materiais didáticos ou paradidáticos disponíveis na Educação Básica que a
imagem ocupa, muitas vezes, um lugar de ilustração, ou quando muito, inserida
como forma de corroborar informações contidas no texto escrito. Esta forma de
utilização limita o potencial desta fonte visual.
Antes de avançarmos na
discussão, acreditamos ser necessário evidenciar como compreendemos histórias
em quadrinhos, objeto que terá neste estudo papel de referência, bem como seus
usos. De maneira preliminar podemos definir as histórias em quadrinhos como o
resultado de duas formas de linguagens: imagética e escrita. Neste estudo,
gostaríamos de refletir sobre as possibilidades oriundas das histórias em
quadrinhos que buscam ser um canal de contato com fatos do passado histórico.
No caso aqui analisado temos a fotografia como registro dos crimes e
atrocidades cometidas pelos nazistas durante o Terceiro Reich (1933-1945) e
tendo como recorte espacial o campo de concentração de Mauthausen, localizado
na Áustria, então sob domínio nazista. Para dar conta desta proposta
analisaremos a história em quadrinho intitulada El fotógrafo de Mauthausen, publicada em Barcelona pela Norma
Editorial em abril de 2018 e, até o momento, sem tradução para o português. A
novela gráfica Le Photographe de
Mauthausen foi publicada originalmente em 2017 pela editora belga Le
Lombard, escrita por Salva Rubio, com desenhos de Pedro J. Colombo e colorida
por Aintzane Landa. Neste estudo utilizamos a edição espanhola. Obra que conta
a experiência vivida pelo fotógrafo espanhol Francisco Boix. Como resultado da
Guerra Civil Espanhola (1936-1939), Boix atravessou a fronteira da Espanha com
a França, local onde ficou retido num campo e, com a ocupação da França pelos
nazistas, foi enviado para o campo de concentração de Mauthausen, juntamente
com outros espanhóis.
Ensino de História e Histórias em Quadrinhos
Antes de avançarmos na
análise, acreditamos ser prudente evidenciar como compreendemos o Ensino de
História e histórias em quadrinhos, com um pouco mais de atenção. E, de posse
dessa compreensão, daremos seguimento ao estudo das imagens como evidências
históricas.
As histórias
em quadrinhos podem ser identificadas como uma mídia global e estão na ordem do
dia a um longo tempo. Não é de hoje que nos deparamos com reflexões sobre os
múltiplos usos dos quadrinhos no ambiente escolar. Mas é necessário estar
ciente de que esta mídia apresenta peculiaridades, ou seja, agregam diferentes
aspectos da comunicação, tanto visual quanto verbal. Para Will Eisner:
“A
configuração geral da revista de quadrinhos apresenta uma sobreposição de
palavra e imagem e, assim, é preciso que o leitor exerça as suas habilidades
interpretativas visuais e verbais. As regências da arte (por exemplo, perspectiva,
simetria, pincelada) e as regências da literatura (por exemplo, gramática,
enredo, sintaxe) superpõem-se mutuamente. A leitura da revista em quadrinhos é
um ato de percepção estética e de esforço intelectual.” (EISNER, 2001, p. 8).
Neste sentido, as
histórias em quadrinhos têm muito a contribuir com o desenvolvimento das
competências e habilidades que fazem parte das exigências do Ensino de História
na Educação Básica. Sua compreensão exige dos leitores(as) decifrar imagens,
compreender “sons”, perceber os diferentes tempos e espaços que podem estar presentes numa
única história ou mesmo em uma única página da obra. Compreender o antes, o
depois, os tempos simultâneos, os diferentes espaços mencionados na narrativa.
Ou seja, é necessário compreender a presença do múltiplo numa história em
quadrinho. Como argumentou Vergueiro: “a alfabetização na linguagem específica
dos quadrinhos é indispensável para que o aluno decodifique as múltiplas
mensagens neles presentes e, também, para que o professor obtenha melhores
resultados em sua utilização.” (VERGUEIRO, 2016, p. 31). Neste sentido,
concordamos com a necessidade de uma alfabetização no que diz respeito aos
quadrinhos, pois:
“(...) nota-se que as
histórias em quadrinhos constituem um sistema narrativo composto por dois
códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal. Cada um desses
ocupa, dentro dos quadrinhos, um papel especial, reforçando um ao outro e
garantindo que a mensagem seja entendida em plenitude. Alguns elementos da
mensagem são passados exclusivamente pelo texto, outros têm na linguagem
pictórica a sua fonte de transmissão. A grande maioria das mensagens dos
quadrinhos, no entanto, é percebida pelos leitores por intermédio da interação
entre os dois códigos. Assim, a análise separada de cada um deles obedece a uma
necessidade puramente didática, pois, dentro do ambiente das HQ's, eles não
podem ser pensados separadamente.” (VERGUEIRO, 2016, p. 31).
As histórias
em quadrinhos também são produtos fabricados pela sociedade e, como toda fonte
histórica utilizada em sala de aula, também oferece uma significativa
contribuição para o desenvolvimento do conhecimento histórico. Contribuição que
poderá ser potencializada se a proposta pedagógica estiver embasada numa
concepção interdisciplinar.
Segundo
Fazenda, “o que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da
pesquisa: é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num
construir.” (FAZENDA, 1991, p. 18).
Certamente esta abordagem pode contribuir para o ensino de História.
Pois,
“(…) ensinar
História é estabelecer relações interativas que possibilitem ao educando
elaborar representações sobre os saberes, objetos de ensino e da aprendizagem.
O ensino se articula em torno dos alunos
e dos conhecimentos, e as aprendizagens dependem desse conjunto de interações.
Assim, como nós sabemos, ensino e aprendizagem fazem parte de um processo de
construção compartilhada de diversos significados, orientado para a progressiva
autonomia do aluno.” (GUIMARÃES, 2012, p. 166-167)
Para
contribuir com esta perspectiva de transformação, de exercício do pensar e do
construir, as histórias em quadrinhos se oferecem como um recurso de ensino
importante. Exigem dos estudantes uma atitude ativa. Permite a formulação de
diversos questionamentos e a possibilidade de serem abordadas diferentes
temáticas pertinentes à disciplina. O grande desafio da educação é, no nosso
entender, contribuir para a formação de indivíduos autônomos do ponto de vista
da capacidade de construir conhecimento e saberes, principalmente, de saber
utilizá-los na vida cotidiana. No passado, o importante era dominar o
conhecido, hoje, o foco está em dominar o desconhecido. A educação visa
contribuir para que o sujeito consiga desenvolver habilidades e competências
para serem aplicadas diante de situações que lhe são impostas. Entre estes
desafios estão inseridos os usos das imagens.
Na sequência, iremos
analisar trechos selecionados da obra El
fotógrafo de Mauthausen objetivando demonstrar algumas das possibilidades
da sua utilização para o Ensino de História, principalmente no uso das imagens
como evidências históricas.
El fotógrafo de Mauthausen
e a
fotografia como evidência histórica
A obra narra a trajetória
de Francisco Boix, fotógrafo e militante comunista espanhol, nascido em
Barcelona no dia 31 de agosto de 1920 e falecido na capital francesa em 7 de
julho de 1951, com a idade de 31 anos. Boix lutou no Exército Republicano
durante a Guerra Civil Espanhola. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
e na companhia de outros compatriotas foi deportado para o campo de
concentração e de trabalho forçado de Mauthausen. O campo ficava localizado a
20 km de distância da cidade de Linz, na Áustria, país anexado ao Terceiro
Reich em março de 1938. Com o desenrolar da guerra o campo foi ampliado e
transformou-se em campo de extermínio, com uma câmara de gás construída em
1942. Havia três categorias para os campos. Mauthausen era o único de 3ª
categoria, a mais dura (Auschwitz era categoria 1). Essa 3ª categoria era para
os irrecuperáveis que deveriam ser exterminados por meio do trabalho. Em
Mauthausen prestavam serviços aproximadamente 5.000 soldados da SS. Teriam
passado pelo campo aproximadamente 15 mil prisioneiros.
Boix chegou a Mauthausen
no dia 27 de janeiro de 1941. Como prisioneiro recebeu o número 5185. Usava um
triângulo azul com um S de Spanier
(espanhol). Deixou o campo somente após a libertação do campo em 1944. Como o
retorno à Espanha era impossível, acabou indo para a França.
Devido ao seu conhecimento
prévio sobre fotografia, Boix foi recrutado como ajudante do comandante Paul
Ricken (1892-1964) que fotografava o horror do extermínio. Como fotógrafo
presenciou os crimes cometidos pelos nazistas em Mauthausen, porém quando estas
fotos eram reveladas ficavam registradas como tentativas de fuga, o que
adulterava a realidade.
Boix percebeu que as
fotografias eram os testemunhos dos crimes nazistas e que deveriam ser de
conhecimento público. Orquestrando um plano ousado, conseguiu transpor algumas
fotografias para fora do campo e com o fim do conflito foram utilizadas como
documentos nos Julgamentos de Nuremberg, sendo Boix o único espanhol presente.
A história em quadrinho retrata a luta de Boix para que a verdade sobre o que
ocorreu em Mauthausen seja conhecida.
A seguir, analisaremos
algumas cenas selecionadas da história em quadrinho, privilegiando aquelas que
demonstram a fotografia como evidência histórica. Informamos que as páginas da
HQ não estão paginadas, inserimos números de páginas nas imagens selecionadas
para fins de localização na obra. Iniciamos a contagem a partir da folha de
rosto. Por fim, ainda queremos fazer uma referência ao Dossiê Histórico que completa a obra e está no final da mesma. Um
estudo realizado por renomados historiadores e pesquisadores do complexo de
Mauthausen e questões correlatas, iniciando na página 113 e encerrando na
página 168. Neste dossiê está disponibilizado documentos, biografias,
fotografias e outras informações.
Nas três cenas
selecionadas a seguir temos uma sequência importante. A chegada de Francisco
Boix no campo Mauthausen. Importante para destacar a identidade do
personagem/sujeito histórico, sua vestimenta de prisioneiro e o número que
recebe (signos, perda da identidade). Destacar que através destes vestígios,
nome, número e local de prisão, por exemplo, é possível reconstruir as trajetórias
destes sujeitos históricos que viveram nos campos sob o horror nazista.
RUBIO, 2018, p. 17.
Na segunda cena, à direita
e acima, temos a topografia do local, a pedreira de onde eram retiradas as
pedras de granito através do trabalho dos prisioneiros. Local de tormento para
estes trabalhadores forçados. É possível identificar o ambiente no qual o campo
estava inserido. Perceber a geografia ao redor do campo. Por fim, a terceira
cena, à esquerda e abaixo, nos remonta a difícil subida dos prisioneiros com as
pedras nas costas e os crimes ou suicídios que ocorriam na beira do penhasco.
Na seleção seguinte temos
a fotografia como documento de falsificação/adulteração, ou seja, as fotos que
eram tiradas no campo eram utilizadas como material de propaganda nazista. Um
cenário fictício era criado e retratado pelas fotos.
RUBIO, 2018, p. 23.
Na imagem abaixo temos
outra referência ao uso da fotografia como documento forjado/alterado. Depois
do assassinato de algum prisioneiro criava-se uma cena fictícia para fins de
“arte” segundo Paul Ricken. Após serem reveladas estas fotografias eram arquivadas
como tentativa de fuga.
RUBIO, 2018, p. 37.
Na sequência temos a
representação das visitas que ocorriam no campo, tanto de oficiais nazistas
quanto de civis da vizinhança. As quais também eram registradas pelas lentes da
máquina fotográfica.
RUBIO, 2018, p. 50.
Fotos que no futuro, no
Julgamento de Nuremberg, serviram como provas para condenar vários criminosos
nazistas, sendo Boix o único espanhol a depor. Evento que foi retratado nas
cenas da HQ.
RUBIO, 2018, p. 85
Das imagens acima, surgem
possibilidades. A primeira é a presença de um sobrevivente do campo de
concentração, o seu testemunho, sua oralidade, sua voz e mais, o uso das
fotografias como provas da verdade, provas dos crimes ocorridos no passado que
ainda não passaram. Seu uso como evidências históricas das atrocidades
cometidas. A segunda referência que destaco são as quatro bandeiras,
representando os vencedores da guerra: URSS, Inglaterra, Estados Unidos e
França. Por fim, chamar a atenção dos estudantes para o ambiente do julgamento,
vestimentas, a formalidade, os documentos.
Na próxima cena
selecionada temos a exibição das fotografias no julgamento. Elas estão postas
como provas contra os acusados. Francisco Boix é chamado a explicar e
identificar as fotografias, os documentos visuais, as evidências.
RUBIO, 2018, p. 87
Através das imagens
projetadas temos a memória do horror. Porém, Boix choca-se com a pressa e com a
falta de interesse por parte dos juízes em conhecerem os muitos detalhes que
ele tem para testemunhar. O que pode ser um ponto de discussão importante na
sala de aula: a importância do testemunho, da história oral, ou como argumentou
Verena Alberti (2018) “histórias dentro da História”.
Partindo das imagens
selecionadas, concordamos com a proposição de Meneses, quando defende “que no
campo dos estudos visuais, como em qualquer campo dos estudos históricos, o
importante é a construção de problemas históricos que poderão vir a ser
resolvidos através das fontes eleitas” (MENESES, 2003, p. 28, In: VASQUES;
PIRES, 2017, p. 151). Neste caso, as imagens da história em quadrinho nos
provocam reflexões sobre os usos das fotografias, especialmente no caso dos
crimes do Terceiro Reich, tanto como propaganda quanto como evidências de
acusação. São os diferentes usos das imagens.
“Essa é uma proposição que
considera o papel que as imagens têm na construção cultural de uma determinada
sociedade e de um contexto histórico, colocando-as como evidências históricas
importantes e se afastando, enfim, do seu emprego meramente ilustrativo.”
(VASQUES; PIRES, 2017, p. 151) Aqui nos distanciamos do uso da imagem como mera
ilustração. Estamos concebendo-as como fontes históricas, mesmo inseridas numa
narrativa de história em quadrinho.
Enfim, podemos indicar que
os quadrinhos podem contribuir para refletirmos sobre determinadas realidades
históricas, casos de violência, ataques aos Direitos Humanos etc.
Apontamentos finais
Visando um fechamento da
reflexão aqui desenvolvida, acredito ser possível afirmar que as histórias em
quadrinhos se oferecem como um rico material a ser explorado pelos
historiadores(as), tanto no âmbito da pesquisa quanto no uso do Ensino de
História na Educação Básica.
É um material que torna o
estudante ativo na interpretação, no seu aprendizado. Exige deste habilidades e
competências múltiplas para destrinchar a narrativa, tanto com elementos
imagéticos quanto elementos da escrita. No caso da obra aqui analisada, exige o
conhecimento prévio, ou proporciona o desafio de buscar as informações, sobre o
período da Segunda Guerra Mundial. Ao longo da narrativa diversas informações
sobre o contexto são exigidos do leitor(a), sendo mencionados ao longo da
história. A obra faz uso de difentes temporalidades. Insere informações que
serão retomadas no decorrer da narrativa, como no caso demonstrado das visitas
dos oficiais, estes foram fotografados no momento em que estavam no controle,
no domínio da situação, porém, com o fim da guerra e posterior julgamento,
estas fotos serviram como evidências históricas de suas participações nos
crimes cometidos durante o conflito, especialmente no caso do campo de
Mauthausen.
Encerrando, Ensino de
História e histórias em quadrinhos podem fomentar uma discussão importante nos
estudantes, principalmente quando este debate parte de uma perspectiva
interdisciplinar e promovendo o estudante em ator ativo da construção do seu
conhecimento.
Referências
Pós-Doutorado em História
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor em História pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre, Bacharel
e Licenciado em História pela UFRGS. Professor de História na Rede Municipal de
Educação da Prefeitura de Esteio (RS), Ensino Fundamental II. Professor de
História na Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Sul, Ensino Médio.
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Ótimo texto! Irei trabalhar o quadrinho "Confinada" do Leandro Assis e da Triscila Oliveira no meu TCC, e esse artigo me mostrou novas possibilidades. O “Confinada” mostra como a pandemia tornou mais perceptível a desigualdade social, abordando temas como racismo, as possibilidades de confinamento para pessoas pobres e que moram em favelas, relações entre patroas e empregadas domésticas, e muitas vezes utiliza falas racistas de “influenciadores digitais”, que rapidamente são esquecidas pela mídia e pelas pessoas. A minha dúvida é a seguinte: visto que a segunda guerra mundial, o nazismo, o julgamento de Nuremberg são acontecimentos amplos, recheados de fontes e evidências históricas, acredito que seja mais fácil trabalhar quadrinhos como “El fotógrafo de Mauthausen” ou “Maus” em sala de aula, mas como as fontes sobre esses casos de racismo mostrados em “Confinada” são mais escassas ou até mesmo mais difíceis de relacionar com os acontecimentos reais, isso compromete a sua utilização em sala de aula no futuro?
ResponderExcluirAtt:
Ana Claudia Pereira Mota
Oi Ana Cláudia P. Mota.
ResponderExcluirAgradeço pela leitura do texto e pelas considerações. Eu, infelizmente, ainda não conheço a HQ "Confinada", mas fiquei muito interessado a partir das suas informações sobre o mesmo. Realmente um tema necessário de ser abordado, trabalhado e discutido nos dias atuais este descrito por você no HQ "Confinada". Vamos ver se conseguimos pensar juntos algumas possibilidades. Acredito que o fator de ser mais escassas as fontes ou difíceis não impede em nada o uso do quadrinho em sala de aula, até mesmo porque a temática é tanto histórica - pensando na longa duração do racismo na História do Brasil, quanto atual, pois como você mesmo mencionou a pandemia tornou explícita esta triste realidade ainda vigente na sociedade brasileira. Pensar em relacionar com charges, reportagens de jornais de outras épocas que evidenciam a prática do racismo e do preconceito. Acredito que o uso quadrinho "Confinada" em sala de aula pode fomentar a reflexão sobre as formas do racismo estrutural que perdura em nosso país. Partindo da atualidade, da realidade dos estudantes (por exemplo: situações vivenciadas na HQ no período da pandemia) buscar refletir sobre a longa tradição do racismo desde o período colonial, passando pelo Brasil Imperial e adentrando o período Republicano de nossa história. Espero que tenha ajudado e desejo-lhe sucesso no seu TCC. Abraço.
Fabian
Muito interessante o texto. Minha pergunta é: Como seria uma metodologia ativa no ensino de história, buscando resultados semelhantes aos apresentados no texto, utilizando TIC's por exemplo ou outros recursos, levando em conta que a maioria das escolas não possuem meios para disponibilizar HQ's para todos os alunos??
ResponderExcluirAtt
Carolina Luiza Feldkircher Gonzaga
Oi Carolina Luiza.
ResponderExcluirObrigado pela leitura do texto e pelas contribuições e questionamento. Vou responder tomando minha experiência como professor da Educação Básica. Um dos recursos que podemos nos valer, e que eu fiz, foi selecionar trechos das HQ's e distribuir aos estudantes, dependendo do caso realizar leituras em duplas. Outro recurso que fiz uso foi projetar via data show (na escola que disponibilizava) e realizar ruma leitura coletiva. Claro que não é a situação ideal, nem a mais desejada, mas foi uma forma de permitir o acesso as HQ's. Num caso muito específico, eu mesmo comprei 20 exemplares de uma HQ específica (A Busca) e levei para as turmas que trabalhava. As leituras ocorreram em sala de aula (isso antes da pandemia, claro). Destinava um dos períodos da disciplina de História para a leitura da HQ e depois de alguns encontros seguimos com o projeto. Neste sentido, além de oportunizar o contado, de diferentes formas como mencionei acima, foi possível efetivar alguns projetos tendo as HQs como objeto de análise entre estudantes da Educação Básica. Espero ter ajudado. Abraço.
Eu estou fazendo meu tcc, com imagens e quadrinhos, gostaria de saber se tu me indica alguma bibliografia e teve alguma dificuldade na feitoria do texto?
ResponderExcluirOlá Felipe.
ResponderExcluirPrimeiramente obrigado pela leitura do texto e pelo seu questionamento.
Escrever é sempre um desafio, e não é fácil, é um fazer e refazer constante. O mais importante é ter um objetivo claro do que se pretende com a escrita de um texto. Isso vale também para quando estamos analisando quadrinhos. Sobre a bibliografia, talvez pensando no seu TCC possa ser útil, indicaria:
LOPES, Aristeu Machado; RODRIGO FILHO, Artur; COLLARES, Marco Antônio (orgs.) A história através das mídias: representações, personagens, fontes. Curitiba: Brazil Publishing, 2019.
JUNIOR, Gonçalo. A Guerra dos Gibis: a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-64. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2018.
VERGUEIRO, Waldomiro; RAMA, Angela; RAMOS, Paulo; VILELA, Túlio. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2016.
MAZUR, Dan; DANNER, Alexander. Quadrinhos: história moderna de uma arte global. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
Espero ter ajudado. Desejo a você muito sucesso no seu TCC. Abraço.