Ivaneide Barbosa Ulisses e Celiana Maria da Silva

 

“CINECLUBE” COM A HISTÓRIA E O ENSINO À DISTÂNCIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM


O “Cineclube” com a História e o Ensino à Distância” é uma proposta de extensão universitária ideado e coordenado pela professora Ivaneide Ulisses, docente do curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos/FAFIDAM. Desse projeto, nasce o convite para os acadêmicos aderirem à proposta e efetivarem o “Cineclube”. A proposta, portanto, envolve os discentes do curso de História da modalidade a distância da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos - FAFIDAM/UECE.

 

O “Cineclube” teve início em março do ano de 2018, como o próprio nome sugere, “Cineclube” é um grupo que se forma e se reúne para debater e refletir sobre cinema, no caso, os clubistas utilizam o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), no espaço “ACC- Atividades Acadêmicas Complementares/ História” para realizar suas atividades (fóruns e chats) esses, organizados e mediados pela professora Ivaneide e pelos graduandos bolsistas de iniciação artística PROEX/UECE.

 

O “Cineclube” tem como pretensão debater temas ligados à história, temas transversais, temas atuais, que ajudam, através da visão de filmes, a abrir os horizontes das prospectivas individuais dos alunos, tanto em relação aos temas em si como de uma construção da experiência de se aprender por meio da linguagem da arte, no caso, através dos filmes. A hipótese do projeto é que os filmes nos “convidam” a sermos abertos, também, ao diálogo e ao ponto de vista do outro, desenvolvendo uma visão clara da realidade que rodeia o futuro historiador e, posteriormente, do seu campo de atuação. Vale ressaltar que o cinema se ocupa da História antes mesmo dela considerá-lo como fonte histórica. As questões históricas foram, desde o início, tratadas pelas produções cinematográficas. De acordo com o prof. Marcos Napolitano, História e cinema podem ser compreendidos a partir de três abordagens:

 

“O cinema na História; a História no cinema e a História do cinema. Cada uma das três abordagens implica uma delimitação específica: O cinema na História é o cinema visto como fonte primária para a investigação historiográfica; a história no cinema é o cinema abordado como produtor de ‘discurso histórico’ e como ‘intérprete do passado’; e, finalmente, a História do cinema enfatiza o estudo dos ‘avanços técnicos’, da linguagem cinematográfica e condições sociais de produção e recepção de filmes” (NAPOLITANO, 2008, p. 40-41).

 

Na sala de aula, o filme vem utilizado, particularmente, na primeira abordagem feita pelo professor, dado que o objetivo de usar filmes no ensino de História é o de compreendê-lo como fonte histórica; e o seu uso como objeto de aprendizagem, como recurso didático válido, relacionado ao conteúdo que esteja sendo trabalhado e assim, ser entendido como objeto de problematização, crítica, reflexão, avaliação. O audiovisual sendo apresentado como documento de uma determinada época e a esse ponto, podemos dizer que temos um leque de representações cinematográficas que vão, digamos, para além da função simbólica, estética, ideológica. O filme como objeto de análise permite a docentes e discentes, fazerem dele uma ferramenta eficaz para a construção de um ensino contextualizado, dialogado, problematizado, debatido e direcionado ao desenvolvimento crítico dos alunos.

 

O “Cineclube” cabe ressaltar, é um projeto de extensão universitária, extensão pode ser entendida como aquela ação que vai além “dos muros” da instituição em termos de ensino e pesquisa, ou seja, a extensão “armada” desses dois elementos quer uma aproximação com a comunidade e interagir com a mesma a fim de criar laços que contribuam para a transformação social, unindo assim, os saberes acadêmicos e os conhecimentos, saberes e fazeres da população e, através dessa articulação, garantir melhorias em termos de valores e melhores condições em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Essa extensão como concretização dos conhecimentos apreendidos como teoria e colocados em prática através de projetos que venham contribuir para a melhoria e desenvolvimento social. A respeito da importância da extensão e sua relação com a comunidade, no documento de submissão do projeto, a professora Ivaneide Ulisses (2018, p.3) afirma:

 

“A universidade brasileira tem a responsabilidade nesse momento conjuntural de dificuldades econômicas e acirramentos ideológicos com procedimentos comuns de violência de formentar debates que melhorem os diálogos entre os grupos sociais”.

 

Portanto, em termos de extensão, a experiência do “Cineclube” permite aos graduandos de História dos polos da UECE, estarem reunidos em um único espaço (fóruns e chats) para debaterem e trocarem ideias sobre os diversos temas propostos. Constata-se que é uma oportunidade para alargar ainda mais os horizontes de aprendizagem de cada participante.

 

Cabe-nos aqui, a partir da experiência feita, pensar e lançar reflexões sobre o que, enquanto ferramenta didática e pedagógica, o “Cineclube” fomenta para a melhoria da prática educativa. Constatamos que o professor é desafiado constantemente a inovar as suas aulas, lançando mãos dos mais variados recursos a fim de envolver os alunos de maneira concreta nos conteúdos propostos e assim, motivados, eles vão desenvolvendo um “sentimento de pertença”, pertença essa que faz com que os discentes sentindo-se envolvidos no seu próprio processo de ensino-aprendizagem, sentindo-se participantes e pertencentes a essa história em seu contínuo processo de construção, participará com maior interesse. Envolvidos, hipótese nossa, eles aprendem mais facilmente porque se sentem motivados a participarem da própria aprendizagem e, consequentemente, aprendem a ter uma visão crítica do mundo que os rodeia.

 

Em certo ponto da nossa proposta, sentimos a “necessidade” de nos “adequarmos” ao momento presente, o mundo atingido pelo Pandemia do Coronavírus e então, propor debates em torno do isolamento social e como a sociedade está vivenciando este momento. De início, apresentamos dois curtas para os clubistas terem uma visão do material que estava sendo produzido pelos outros setores da sociedade e irmos adequando à nossa realidade de interior e de interior do país. O vídeo da Débora Falabella era somente um trecho do filme “Depois a louca sou eu” que até então não tinha sido lançado. E outro curta intitulado “Pandemia”, e assim, podemos partilhar também as vivências de cada um.

 

As reflexões foram muitas e todos foram concordes em afirmar que: Vivemos em um período que, sem dúvidas, “marca a história da humanidade”. Cada um de nós, com a sua própria sensibilidade, vive esse período de maneira muito particular. Alguns com medo, outros com esperança, outros sofrendo por a perda de algum ente querido, outros agradecidos por terem vencido o contágio e, enfim.

 

Existem elementos reais e pontos de vista diferentes, pois cada sujeito tem uma maneira particular de ver e vivenciar determinada situação, e isso faz parte da unicidade que é particular em cada um de nós. Pensando no fato que daqui a algum tempo, teremos “a tarefa” de contar o que estamos vivendo, pois somos testemunhas da História do Tempo Presente. O debate que propomos foi, também, um convite para a construção de narrativas e, no caso, nos inspiramos no “Museo da Pessoa”, plataforma de onde “tiramos” alguns pequenos e ricos depoimentos. Lembrando aos participantes que as narrativas se encaixam na ideia de documentário. Lembrando também que filme é representação. Na parte da apresentação da plataforma (https://museudapessoa.org/), tem escrito que:

 

“Nossa visão é ter um museu em cada mão para que as histórias de vida se tornem um antídoto contra a intolerância. Ouvir é o primeiro passo para transformar seu jeito de ver o mundo. Colabore. Participe. Cada história importa!”

 

Conhecer a história do outro, nos ajuda a refletirmos sobre a nossa história e nos dar a força para continuarmos nessa constante “luta” de nos "transformarmos" em pessoas melhores. E, quem sabe? a nossa história pode ser motivo de inspiração para outras histórias. Todos somos importantes, todos temos uma história para contar, todos fazemos parte dessa linda construção chamada História.

 

A professora em planejamento com a equipe organizadora teve a ideia de que cada clubista gravasse com os seus próprios celulares, depoimentos de como estavam vivendo esse momento de isolamento social e então, relatassem em três ou quatro minutos como estava sendo a experiência com a Pandemia do Coronavírus. A proposta foi aceita pelos participantes. A equipe preparou a carta de cessão de direitos autorais, os clubistas gravaram os vídeos, enviaram para a equipe organizadora que “transformou” os vinte depoimentos nos conhecidos “curtíssimos” (https://www.youtube.com/watch?v=VbNgOAboNe4). Relatos onde podemos perceber, das mais diversas maneiras, as lições que essa Pandemia está deixando.

 

No semestre 2020.2, abrimos um canal no youtube (www. cinehistory0 extensão. youtube.com), nele postamos os vídeos produzidos pelos clubistas. O primeiro fórum que realizamos nesse semestre foi a apresentação do trabalho realizado. Tais produções mostram que para além de apreciar filmes, estudar as fontes de audiovisuais podemos e devemos, nos apropriar como produtores de uma memória audiovisual. Tivemos através do Google Meet, uma mesa cujo tema foi: “Produção de memórias em audiovisual e acervo digital”, com a professora Cintya Chaves, do curso de História da FAFIDAM/UECE, refletindo conosco sobre o tema e sobre as produções realizadas.

 

É pertinente refletir, mesmo que rapidamente, a “busca pela “verdade”, ou pelo menos a tentativa de chegar o mais próximo dela, pois somente através dos olhos de quem se detêm em determinado objeto de estudo possui. Portanto, torna-se pessoal e quase indizível, uma vez que encaminha-se para o lado do subjetivo e então, individual de cada pessoa. O trabalho em sala de aula de forma crítica deve seguir os critérios daquela “busca pela verdade” que é individual e inatingível, uma vez que há sempre as questões de tendencionamentos, pontos de vista multi e intermináveis. A professora Vavy Pacheco Borges, diz que:  

 

“A História se faz com documentos e fontes, com ideias e imaginação. Assim o conhecimento histórico mergulha cada vez mais nas formas de sua própria produção, em como foi e em como pode e deve ser escrito, isto é, sua própria história e nas formas de procedimento que lhe são próprias como forma de conhecimento” (BORGES, 1993, p. 46).

 

Diante dessas palavras, pode-se concluir que a posição do historiador “deve” ser lúcida, objetiva e clara, favorecendo assim, a conquista de uma consciência crítica, aderindo a essa constante luta em favor de uma sociedade mais justa, mais livre, mais igualitária. São tantas as prisões que dilaceram o coração do homem, a História é contínua e contínua “deve” ser a luta, sempre na esperança de que dias melhores virão.

 

Mais uma vez, vemos a possibilidade que o audiovisual apresenta. As emoções, as sensações e percepções que brotam em quem os apreendem e que os aproximam quanto à temática e sugere o diálogo para melhor interpretação, amplitude das ideias e firmeza nas concepções. São mensagens que propiciam um debate bastante sugestivo em sala, quando abre espaço para que os alunos exponham, até mesmo suas histórias de vida, e através destas, o docente tem possibilidade de entendê-los melhor. Os filmes como podem observar, trazem representações sobre diferentes temas, ao mesmo tempo em que envolvem sentimentos, sensações e emoções.

 

A História enquanto “a ciência que estuda o homem e sua ação no tempo”, como sugere Marc Bloch (2002), ao ser proposta também, pelo uso das ferramentas que o “cineclube” propõe, será melhor recebida por nossos educandos, que com a devida orientação chegará a perceper como perseguir a construção de sua análise e interpretação dos fatos para assim, desenvolverem sua concepção histórica.

 

Por fim, trazemos ainda a postura de dinamicidade que também é percepctível, já que o “cineclube” é composto pela demonstração de como muitas mãos desenvolveram um projeto que culmina com o crescimento pessoal e coletivo, promovendo calorosas discussões, debates e possibilidades, que tornaram possíveis a melhoria na formação intelectual, profissional, humana, social e cidadã dos envolvidos, o que nos faz enxergar com clareza a execução do que se propõe a educação no Brasil conforme a Lei n° 9.394/96 no Art. 2°: “[...] o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

 

Referências biográficas

Ivaneide Barbosa Ulisses. Profa. Dra. do curso de História. Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos- Universidade Estadual do Ceará.

 

Celiana Maria da Silva. Graduanda do curso de História. Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos- Universidade Estadual do Ceará.

 

Referências bibliográficas

BLOCH, Marc. Apologia da História ou O Ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

 

BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. (Col. Primeiros passos, v. 17).

 

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: A História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2008.

 

ULISSES, Ivaneide Barbosa. Projeto de Extensão “Cineclube” com a história e o ensino à distância. Fortaleza: PROEX- UECE, 2018.

9 comentários:

  1. Olá,
    Gostaria de indicar às autoras alguns títulos para que fortalecessem sua base teórica.
    ALVES, Giovanni; MACEDO, Felipe (Org.). Cineclube, cinema e educação. Londrina: Práxis, 2010.
    CHAVES, Geovano M. Para além do cinema: o cineclubismo de Belo Horizonte
    (1947-1964). Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2010.
    DUARTE, Rosália. Cinema e Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
    FRESQUET, Adriana. Cinema e educação: reflexões e experiências com professores e estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
    TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro; LOPES, José de Souza Miguel (Org.). A escola vai ao cinema. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

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    1. Muito Obrigada José. Já salvo para leituras.

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    2. Olá, José!

      Obrigada pela leitura feita ao nosso texto e pelas preciosas sugestões.

      At.te.,

      Celiana Maria da Silva

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  2. Olá, Professora Ivaneide e Celiana, parabéns pelo trabalho.
    Primeiramente gostaria de destacar a admiração que tenho por esse projeto, o cineclube foi uma das atividades mais maravilhosas da graduação, porque propiciou o contato com colegas de outros polos, consequentemente possibilitando a troca de experiências e construção de saberes, como também criar laços de amizade, enfim o projeto de vocês é maravilhoso.
    E as minhas perguntas são: Como surgiu a ideia do Cineclube para o curso de História do ensino a distância? Ele superou a expectativa de vocês? Quais os desafios (se tiveram, seja na criação ou aplicação)? E se possível citem alguma experiência mais interessante proporcionada pelo Cineclube.

    Abraços.
    Beatriz Oliveira Fontenele

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  3. Beatriz, dizer que foi um orgulho ter vc como clubistas. A ideia veio da extensão também com cinema no curso presencial ( funciona diferente: voltado para escolas). O Cine clube nos possibilitou uma nova direção no que estávamos fazendo, ou seja pensando o a fonte cinema para as escolas, aulas etc, mas a ideia de cine clubes é empolgante por si mesma. Existe um material e sujeitos que lidam na perspectiva dos cine clubes que são por si mesmo um caminho muito bacana para percorrer. Quanto a exemplo de atividade, penso que as discussões em fóruns ou as mesas que conseguimos fazer com mediação de professores foram muito massa. Agora as produções audiovisuais dos clubistas, desde história local a experiência na pandemia foi COMOVENTE. Obrigada pela pergunta Beatriz.

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    1. Olá, Beatriz!

      Obrigada pela leitura feita ao nosso texto e pelo carinho ao nosso “cineclube”.

      O projeto foi ideado pela profa. Ivaneide Ulisses e acredito que uma das principais motivações para o seu surgimento foi que para além do ensino normativo, a elaboração do conhecimento, dar-se em diferentes espaços e que a mídia tem crescido o seu poder de influenciar a todos no processo de formação. Dessa maneira, os professores, em particular os de História, “devem” buscar meios consagrados pelos “mass media” para suas discussões em sala, preparando os alunos para uma leitura crítica do material proposto. O “cineclube” superou as nossas expectativas, pois além do número de graduandos que aderiram à nossa proposta, descobrimos no projeto um ambiente que favorece troca de conhecimento e de olhares. Todos aprendem: professora, bolsistas, clubistas. Como você mesma disse, estarmos reunidos em um mesmo espaço, sem nos conhecermos, mas unidos pela vontade de aprender, naturalmente, proporciona laços de amizade que vão além dos “muros” acadêmicos. Vimos também que o filme como ilustração ainda predomina no espaço educacional. No “cineclube” “tratamos” o filme como um "texto", como narrativas com diferentes linguagens (som, luz, enquadramentos, fotografias, etc), filme como "produto" de vários sujeitos, profissionais. As experiências são tantas, por exemplo, o curta que fizemos juntos “Pedacinhos da História do Ceará” ou os videodocumentários que vocês com tanta disponibilidade aceitaram gravar sobre as vivências relacionadas à Pandemia do Coronavírus.

      Abraço!
      Celiana Maria da Silva

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  4. Olá, Ivaneide e Celiana. Primeiramente gostaria de parabenizá-las pelo artigo.
    Lendo o texto de vocês, notei que a prática que vocês realizaram pode ser adaptada para ser utilizada como projeto na escola. Atuo como docente para alunos do Ensino Médio, e cinema é - de certo modo - atrativo para muitos alunos. Penso que tal estratégia de projeto poderia contribuir muito para auxiliar na formação crítica e no desenvolvimento da autonomia dos alunos, tendo como base reflexões através dos audiovisuais.
    Segue as minhas perguntas:
    - Quais foram as dificuldades encontradas durante a implantação do CineClube? Sobre a participação dos alunos, vocês receberam algum feedback sobre a participação destes no projeto?

    Abraço!
    Priscielli do Carmo Rozo Cerdeira da Rosa.

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  5. Olá Prisciellli. Obrigada pela pergunta. Com certeza a metodologia pode sim ser voltada para as escolas e com alunos sejam do Fundamental ou Médio. Temos outro projeto História pelas vias do cinema q funciona com turmas do Fundamental. A diferença é que o trabalho na escola acontece de acordo com o planejamento do professor da turma.
    Quanto a dificuldade com o cine, penso agora em duas: 1- Em geral trabalhamos com filmografia brasileira e o nosso público não tem o hábito de assistir filme brasileiros, então vem inicialmente a conquista; segunda, manter o ritmo do clube, pois não damos notas, então temos que confiar nas escolhas dos temas dos filmes, manter o fórum funcionando e animado. Mais uma vez obrigada pela leitura e perguntas.

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    1. Olá, Priscielli!

      Obrigada pela leitura feita ao nosso texto.

      Podemos dizer que mais do que uma dificuldade, foi e é um desafio a questão da qualidade da internet. Começamos a nossa proposta com curtas/curtíssimos e só depois quando os estudantes já estavam sensibilizados, digamos assim, com a experiência de leitura do audiovisual, foi que “arriscamos” com filmes longos, ou seja, começamos de maneira gradual e assim, tivemos uma excelente receptividade, realizamos inclusive, mesas com palestras dedicadas aos longas propostos. Recebemos vários feedbacks positivos, os graduandos gostam do “cineclube”, gostam de aprender a fazer a leitura do filme nos seus vários aspectos, gostam de “descobrir” o filme não somente como ilustração do conteúdo. Como dito acima, tratamos o filme como um "texto", como narrativas com diferentes linguagens (som, luz, enquadramentos, fotografias...), filme como "produto" de vários sujeitos, profissionais. O filme em História além de obra de arte, é fonte histórica, seu significado vai além do cinematográfico, vai além da técnica em si. Muitos dos nossos clubistas já atuam em sala de aula e nos fóruns e chats sempre trocamos ideias com relação à seleção de filmes para determinado assunto. O debate que produzimos é sempre muito rico e, na maioria das vezes, os clubistas que já são professores, levam as nossas propostas para as suas salas de aula. A experiência no “cineclube” favorece essa troca de conhecimento e de olhares. Todos aprendem: professora, bolsistas, clubistas. Em 2018, os clubistas foram desafiados a fazerem um documentário sobre “um retalho” da história da cidade à qual pertencem. Eles foram divididos em grupos (por polo) e durante o semestre tiveram dicas de como fazer um roteiro e o que é necessário para se ter um bom áudio e um bom vídeo, a sugestão foi que eles fizessem as gravações com os próprios celulares. Foram também propostos filmes para que os clubistas pudessem percebê-los como uma sugestão na produção de seus próprios filmes. No prazo estabelecido, os clubistas entregaram o trabalho realizado e a equipe organizadora reuniu cada vídeo em um único filme, intitulado: “Pedacinhos da História do Ceará”. No primeiro semestre do ano passado, tínhamos como atividade levar à proposta do “cineclube” para os espaços educativos dos nossos clubistas e assim, eles colocarem em prática o que estavam aprendendo, com a pandemia não foi possível tal realização. Porém, tivemos a ideia de estudarmos o material que estava sendo produzido pelos outros setores da sociedade com relação ao período de pandemia e assim, irmos adequando à nossa realidade de interior e de interior do país. Depois de muito debatermos, os clubistas tiveram como atividade realizarem depoimentos de 3/4 minutos em seus celulares sobre as suas próprias experiências. “Transformamos” os depoimentos nos conhecidos “curtíssimos”, depoimentos onde podemos perceber, das mais diversas maneiras, as lições que essa pandemia nos deixou (está deixando). Enquanto bolsista do projeto e então, participando da organização das propostas, estudando o material a ser apresentado e tendo o contato constante com os clubistas posso afirmar que trabalhar com filmes é algo fascinante, pois, acredito que quando há interação entre a linguagem do cinema e a transmissão do conhecimento alargamos mais ainda os horizontes em prol de um ensino-aprendizado eficiente e eficaz, e, consequentemente, colaboramos na construção de uma sociedade e de um mundo melhor.

      At.te.,
      Celiana Maria da Silva

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