HISTÓRIA & CINEMA: A II GUERRA MUNDIAL E OS FILMES
Luzes, câmera, história... ação!
A presença de uma ampla
historiografia versada acerca do contexto da Segunda Guerra Mundial é indiscutível
(HOBSBAWM, 1995), demonstrando que tal temática se configura como uma das mais visitadas
pelo campo historiográfico. Tal massa de trabalhos, ajuda na expansão da
pesquisa, ora revistando temas consagrados, ora se debruçando sobre novas
formas de compreensão do período.
Um eixo de pesquisas consolidado
é aquele que engloba a relação cinema e História, sustentando o caráter das
películas como fontes históricas a serem utilizadas seja como fonte de
pesquisa, seja sua aplicação no ensino, auxiliando no processo
ensino-aprendizagem.
O
presente trabalho parte de uma fusão desses dois campos de pesquisa, ao propor
a análise de filmes versados, a saber, Dunkirk (2017), O destino de uma nação
(2017) e Jogo da imitação (2014) como fontes históricas e em seguida apresentar
algumas possibilidades da utilização em sala de aula
O destino de uma nação
O filme de Joe Wright,
estrelado por Gary Oldman mostra os primeiros dias de Winston Churchill na
posição de primeiro-ministro numa conjuntura de crise política. Com roteiro
centrado no político e seu entorno das vésperas de sua posse em 10 de maio de
1940 até o seu pronunciamento na Câmara dos Comuns em 4 de junho do mesmo ano.
Iniciando com a contextualização do avanço nazista na Europa, o filme parte do
dia 9 de maio. Traçamos alguns apontamentos sobre a narrativa e suas relações
históricas:
A posição assumida por
Halifax, rival de Churchill, de apaziguamento com Hitler, por meio de um
armistício intermediado por Mussolini, era comum entre os conservadores
ingleses, porém seu fracasso é constatado com a queda de Neville Chamberlain e
a nomeação de Churchill, justamente por representar uma alternativa de ruptura,
o que claramente, não evitou controvérsias e oposições, dentro mesmo do próprio
partido. Halifax, conservador, como Churchill, é quem melhor incorpora esta
oposição, tentando negociar o armistício em troca de “condições favoráveis” à
Inglaterra. Churchill dispara dura máxima diante do conselho de guerra: “Você
não pode dialogar com um tigre com a sua cabeça na boca dele!”.
Quando Churchill é avisado
do quadro crítico francês e da constatação do “colapso da Europa Ocidental nos
próximos dias” e questionado se o público deveria ser informado, afirma: “Ainda
não. Primeiro despertaremos a resistência heroica de nossos velhos amigos, a
França deve ser salva”. Tal comportamento, bastante recorrente no filme,
evidencia um ponto interessante: o controle do governo sobre o que chega até o
povo, que naquele momento era essencial para Churchill mantê-lo unido, emanando
de um forte espírito combativo para o prosseguimento de sua pauta.
Figuras 1 e 2 - Fonte: (1) O Destino de Uma
Nação (2017); (2) The Independent (14/10/2013)
Na cena, Churchill faz um
símbolo que acreditava ser o de “vitória” para dizer ao público que a situação
era favorável, porém tal acontecimento gera uma situação inversa, pois da
maneira que faz o gesto, sem querer invertidamente, poderia significar “Up
your bum” [PT: “enfia na bunda”], ao lado uma cena real, encontrada em uma
matéria do jornal britânico “The Independent”.
O empasse de Dunkirk é uma
das problemáticas centrais apresentadas no filme, centenas de milhares de
soldados aliados em uma situação extremamente vulnerável. Assim nos são
mostrados: o sacrifício da guarnição de Calais para ganho de tempo, o insight
que levou à elaboração da Operação Dínamo, centrada no confisco de barcos civis
para o resgate dos soldados em Dunkirk, e finalmente sua execução com a cena dos
barcos rumando para a costa francesa.
Outro momento interessante
do filme se dá em uma conversa entre o primeiro-ministro e o rei, quando o
monarca demonstra pela primeira vez todo o seu apoio a Churchill, justificando
que, apesar de suas ressalvas ao nomeá-lo, seria merecedor de sua confiança por
conseguir despertar medo no coração de Hitler. Tal argumento é reforçado por
diversos historiadores que assinalam a nomeação de Churchill como uma das
chaves para a decorrente vitória aliada no conflito.
Na cena final, na Câmara
dos Comuns, o primeiro-ministro pronuncia seu discurso “We shall Fight on
the Beaches” (“Lutaremos nas Praias”), obtendo apoio geral – inclusive de
Chamberlain e do partido – para fazer a Inglaterra adotar uma postura combativa
contra os nazistas abandonando o apaziguamento (figura 3). Tudo isso ocorrendo
no dia 4 de junho de 1940, mesmo dia em que a Operação Dínamo fora concluída
com sucesso, resgatando mais de 338 mil soldados, evento assinalado por
Gonçalves (2000) como marco de virada na guerra, a primeira de várias vitórias
após tantas derrotas.
Figura 3: Cena final em que Churchill é ovacionado após discursar
no Parlamento. Fonte: O Destino de Uma Nação (2017)
Importante
lembrar que o filme é apenas uma representação da realidade e ainda que acerte
em grande parte (POLITIFACT), a obra não deixa de ser um retrato portador
de imprecisões históricas decorrentes de sua subjetividade inerente. Portanto é
imprescindível que o professor alerte este detalhe à turma, como também aponte
para o fato de que Churchill não foi apenas um herói imaculável como pode parecer
pelo filme, mas que ele também possui um aspecto racista e colonialista em
relação aos indianos dominados naquele tempo pelo Império Colonial Britânico, o
que pode ser realizado a partir da leitura do texto de Domenico Losurdo (2017).
Vale destacar, ainda, que o filme parece ter o objetivo de elevar a figura de
W. Churchill, numa narrativa heroica, digna da história política de viés mais
tradicional, ou seja, do homem-deus, o que tudo sabe, o que faz previsões
improváveis e que resiste quando todos querem desistir. Há, de fato, a
importância do sujeito na história, mas, no formato do filme, aparentemente,
Churchill venceria a guerra sozinho já que apenas sua nomeação teria “gelado” o
coração de Hitler.
Dunkirk
O filme de 2017 dirigido
por Christopher Nolan, mergulha na realidade dos soldados aliados encurralados
pelos nazistas. A narrativa focada em diferentes personagens fornece um
panorama do drama daquela situação, desde oficiais em uma posição vulnerável na
costa norte francesa, a pilotos aliados incumbidos de neutralizar aeronaves
inimigas que sobrevoavam a região, até civis que com seus barcos atendem o
chamado e partem para a operação de evacuação.
A obra pode servir ao
professor de diferentes formas, seja como instrumento de representação junto
aos alunos daquele momento pelo qual passaram tropas aliadas em Dunkirk na
metade de 1940, ou, despertar a discussão de outras questões como o medo e os
traumas da guerra. A situação é exemplificada na personagem do “soldado
arrepiado” (Cillian Murphy), piloto inglês cuja aeronave é abatida e é então
resgatado por um dos barcos civis que rumam a Dunkirk para a evacuação
planejada. O trauma do personagem é tamanho, que a todo momento pode ser
percebido tremendo e quando descobre que ruma à França tenta, sem sucesso,
evitar.
Nos momentos finais são
mostradas embarcações civis chegando e atracando em Dunkirk, resgatando os
soldados aliados (figura 4), tanto ingleses como franceses, o que se
mostra bastante interessante, pois não são poucos os momentos ali em que os
ingleses discriminam os franceses. A ideia que vigorava era que apenas cerca de
30 mil seriam salvos, e esses seriam ingleses. Tal estimativa pode ser
encontrada também em “O Destino de Uma Nação”, onde Churchill revela à sua
secretária que com o tempo nublado e um milagre, cerca de 10% daqueles soldados
poderiam ser evacuados. Entretanto pela dimensão da Operação Dínamo e ampliação
de possibilidades que esta fez pelo emprego de barcos civis, todos os soldados
sobreviventes em Dunkirk, ingleses e franceses, estes últimos mais de 139 mil,
foram resgatados e evacuados para a Inglaterra em segurança, total de 338.226
salvos da morte.
Figura 4: Barcos chegando a Dunkirk para o resgate e evacuação. Fonte: Dunkirk (2017)
‘O Jogo da imitação’
De 2014, o filme de Morten
Tyldum, protagonizado por Benedict Cumberbatch, tem sua história centrada na trajetória
de Alan Turing, o gênio por trás do que viria a ser considerado o primeiro
computador da história. Enfocando o período em que Turing participou do projeto
militar destinado a vencer a Enigma, máquina alemã de decodificação de
mensagens considerada imbatível, o filme também recorre a momentos da
adolescência de Turing, caros à sua formação pessoal, e a outros posteriores ao
seu trabalho para o exército britânico na Segunda Guerra.
O filme mostra que os
aliados não conseguiam se sobrepor a máquina alemã, pela limitação da mente
humana, assim Turing sustenta que seria necessária uma outra máquina mais
desenvolvida e capaz de sobrepujar a Enigma. Apesar de enfrentar
resistência de sua divisão, escreve uma carta para o superior geral, W.
Churchill, responsável pelo projeto de inteligência ultra sigiloso que promove
e financia a proposta.
Apesar das dificuldades, o
sucesso da máquina celebrado pela equipe de Turing (figura 5), converte-se
numa chave vital para a vitória aliada na guerra e por isso tal informação é
mantida em sigilo, com o sistema de informação inglês empregando-a
cautelosamente. Assim no final do filme é informado de que graças à Máquina de
Turing, milhões de vidas foram poupadas e a guerra encurtada.
Figura 5:Turing e sua equipe no momento de sucesso de
sua máquina. Fonte: O Jogo da Imitação (2014)
Outras
informações fornecidas no final do filme dizem respeito à condenação de Turing
após uma investigação policial, que tem espaço no filme, por ser homoafetivo,
restando a escolha de ser preso ou a castração química, que o levou à morte
pouco tempo depois, aos 41 anos. O projeto de Turing e sua equipe fora mantido
em sigilo por mais de meia década pelo governo inglês e suas máquinas foram
essenciais para a criação e desenvolvimento da computação.
As
formas de empregar o filme numa aula de história se mostram ricas, já que
possibilitam o debate de diferentes questões desde uma percepção aprofundada da
importância dos sistemas de informação na guerra, essenciais para o triunfo aliado
sobre o eixo, visto que tornava possível antever ações inimigas e interceptá-las
antes do ato.
Por fim, vale a pena destacar
os malefícios da intolerância, Alan Turing fora vitimado por esta por ser
homossexual, isso ainda aos 41 anos de idade. Mostrar aos alunos que sem ele
talvez nem teríamos os computadores hoje, já que seu trabalho é considerado a
base do sistema de computação atual, é um bom exemplo para demonstrar como
políticas e até mesmo atitudes intolerantes bastante recorrentes são
extremamente nocivas e podem culminar numa severa perda de potencial humano.
Turing era um gênio que poderia muito ainda oferecer, mas infelizmente não
pôde.
Cinema e ensino: propostas de trabalho
Mediante
a impossibilidade da exibição em horário de aula dos três filmes, levantamos três
propostas, pautadas em sua aplicação como fonte auxiliadora no ensino de
História:
Proposta
I
Tendo o professor já
apresentado o conteúdo da 2ª Guerra Mundial em sala, este apresentaria os
filmes por meio dos trailers ou imagens contextualizadas. Recorre-se então a
exibição de apenas um deles, a critério do professor, podendo inclusive ser
realizada uma votação junto à turma. Os outros dois seriam cobrados então em
forma de tarefa, de importante realização pois tal conhecimento virá a ser solicitado
em forma de atividade avaliativa posteriormente, escrita, como em uma
dissertação, ou mais prática, dividindo a turma em três grupos com cada um
destes ficando responsável por um dos filmes e a formulação de um cartaz ou
painel, com os principais pontos do filme e sua relação com os conteúdos vistos
em sala, acrescentados de pesquisas complementares, auxiliadas pelo professor.
Por fim com a apresentação realizada pelos alunos de todo material produzido,
haveria então a junção deste numa espécie de grande mapa mental histórico.
Proposta
II
Visando aquelas situações
em que nem sempre o exposto acima demonstra-se cabível, sugerimos aqui uma
atividade mais dinâmica. Utilizando o filme “Jogo da Imitação”, selecionar
vinte minutos das cenas importantes para o conteúdo e, utilizando o texto do
livro didático propor um debate com os alunos sobre questões fundamentais, como
a importância da informação correta numa guerra, as questões socioculturais que
aparecem e a perseguição à população LGBTQA+ que não aparecem no livro
didático. O professor(a) também pode fazer uma comparação entre as duas fontes
disponíveis (livro didático e o filme) apontar diferenças de forma, conteúdo e
como os alunos e alunas podem ler tais documentos.
Proposta
III
Um pouco mais ousada,
concebe a proposição de uma oficina adaptada da proposta de Isabel Barca
(NICOLIELO, 2013), provavelmente em contraturno. Com maior liberdade de tempo,
disponibilidade de espaço e recursos para tal, o professor(a) exibiria um filme
por dia, instigaria a discussão em cima do conteúdo, propiciando o espaço
necessário para maiores debates sobre temas que aparecem em segundo plano nos
filmes como a questão dos traumas de guerra, dos veteranos, da intolerância,
direitos humanos, a desconstrução do “herói de guerra”, contrapondo a figura de
Churchill em “O Destino de uma Nação” com sua personagem real que apesar da
categoria de “herói de guerra”, era um forte símbolo do imperialismo britânico
e de sua opressão.
Os debates entre os
alunos, mediados pelo professor, cumprindo o papel de instigador (BITTENCOURT,
2005), tomando nota dos apontamentos apresentados, e também a entrega por parte dos alunos de um
texto analisando a experiência, do conteúdo histórico, dos filmes e das
discussões, seja ao final de cada reunião ou então uma síntese geral numa
dissertação ao final da oficina, contemplaria então o professor com um material
suficiente para a avaliação e uma rica experiência tanto para ele quanto para
os alunos.
Essa proposta é a que
melhor capitaneia nossos ânimos e perspectivas de trabalho ideal para com os
filmes apresentados. Os trâmites burocráticos, com a coordenação do colégio
para a organização de tal atividade, podem ser bastante dispendiosos, e a
participação dos alunos certamente é sempre uma incógnita, porém tido sucesso nestes
pontos que são os maiores complicadores, a dinâmica proporcionaria uma riqueza
no tocante à melhor experiência em sala de aula. E ainda, decorrente de tal
sucesso, a proposta poderia ser expandida na forma de um projeto que faça amplo
usufruto das múltiplas relações entre história e cinema envolvendo os mais
diferentes conteúdos históricos, e quiçá até outras fontes de entretenimento da
cultura jovem, como HQs e jogos eletrônicos.
Considerações finais
Em se tratando de história,
cinema e sua aplicação em sala de aula, as possibilidades são infinitas e os
caminhos os mais diversos. Entretanto é importante, que tais iniciativas, sejam
precedidas de preparação e no momento de sua execução, o professor cumpra o papel
de mediador do conhecimento (SIMAN, 2015), enfatizando importantes pontos
discutidos aqui, como a questão da representação.
Para a proposta aqui
explorada, sugerimos três produções mainstream do universo da 7ª Arte,
todavia outras poderiam também ser utilizadas com mesma eficácia, dependendo
apenas do enfoque da aula. Produções como “O Resgate do Soldado Ryan” e “A
Lista de Schindler”, para refletir outros aspectos da guerra ou séries de
sucesso como “O Homem do Castelo Alto” (2015) ou “Hunters” (2020),
documentários como “Grandes Momentos da Segunda Guerra em Cores” e, ainda, fotografias
e filmagens da época. Contudo, destacamos que cada tipo de mídia exige um
preparo específico, seja para a análise, seja para o uso em sala de aula. Cabe
ao professor(a) encontrar o material que mais se encaixe com a turma. A
bibliografia sobre o cinema em sala de aula, felizmente, está em expansão.
Aqui, tomamos a liberdade de indicar apenas o trabalho de Napolitano (2005).
Referências
biográficas
João Matheus Ramos,
graduando de História da UEM
Dr. David Antonio de Castro Netto, Colegiado de História - Unespar -
Paranavaí
Referências
bibliográficas
BITTENCOURT, Circe Maria
Fernandes. Ensino de história. Cortez editora, 2005.
GONÇALVES, Willians da
Silva. A segunda guerra mundial. In: REIS FILHO, Daniel Aarão et. all. O Século
XX. V.3: O tempo das dúvidas: Do declínio das utopias às globalizações. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000.
HOBSBAWM, Eric. Era dos
Extremos: o breve séc. XX. Cia das Letras, 1995.
LOSURDO, Domenico. Stálin
e Hitler: Irmãos gêmeos ou inimigos mortais? Le Monde Diplomatique, 21-12-2017.
NAPOLITANO, Marcos. Como
usar o cinema na sala de aula. Editora Contexto, 2003.
NICOLIELO, Bruna. Isabel
Barca fala sobre o ensino de História. Nova Escola. 2013. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/930/isabel-barca-fala-sobre-o-ensino-de-historia?imprimir=truevoltar=/conteudo/930/isabel-barca-fala-sobre-o-ensino-de-historia?imprimir=true#_=_>.
Acesso em: 28 abr.
2021.
POLITIFACT. Fact-check: Darkest Hour movie gets Winston Churchill mostly
right. Disponível em: <https://www.politifact.com/article/2018/feb/26/fact-check-darkest-hour-movie-winston-churchill/>.
Acesso em 14 jun. 2020.
SIMAN, Lana Mara de
Castro; RODRIGUES COELHO, Araci. O Papel da Mediação na Construção de Conceitos
Históricos. Educação & Realidade, v.40, n. 2, 2015.
Prezados autores, bom dia.
ResponderExcluirVocês relacionam filmes ficcionais ("O Resgate do Soldado Ryan” e “A Lista de Schindler”), séries (“O Homem do Castelo Alto”, “Hunters”) documentários (“Grandes Momentos da Segunda Guerra em Cores”), além de "fotografias e filmagens da época". A fundamentação teórica que vocês apresentaram dá conta de todos esses tipos de documentação?
Saudações José e obrigado pela pergunta. Muito bem observado, acreditamos que para a execução de tal proposta da maneira que fundamentamos são necessárias algumas leituras para além das que aparecem nas referências apresentadas. Isso ocorre pois de acordo com as normas do debate deveria ser referenciado apenas o que fosse citado, e como não encontramos espaço suficiente aqui para todas as citações que desejávamos realizar neste aspecto, optamos por utilizar conceitos de forma mais subjetiva como por meio da utilização do conceito de representação, bastante difundido por diversos historiadores e mais notóriamente Roger Chartier, como também o livro indicado nas referências "Como utilizar o cinema na sala de aula" do professor Marcos Napolitano, assim como também os que ali não aparecem mas ainda assim extremamente uteis nesse aspecto os livros "Domínios da História" e "Novos Domínios da História", ambos organizados pelos professores Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas que apresentam capítulos basante significativos nesse sentido versados nas diversas relações entre a imagem e a história, como por meio da fotografia e do cinema, pensando até mesmo a micro-história.
ExcluirPor fim, em relação ao fato da ficcionalidade de algumas fontes indicadas, não vemos problema em tal aspecto, é claro, tendo em vista a atuação do professor como mediador sempre lembrando tal aspecto, e que elas tal como a literatura são uma forma de representação, a realidade que não aconteceu, mas que poderia ter acontecido, possibilitando ainda por meio desta atividade um interessante exercício de história contrafactual, é claro com todas as ressalvas e cuidados necessários.
Espero ter esclarecido a dúvidada, e aberto para qualquer outro que se faça necessário. Atenciosamente.
João Matheus Ramos
Bom dia! Sou acadêmico do 5º semestre do curso de História-Licenciatura pela UFMS/CPNA. Ao citar hobsbawn em "era dos extremos", e a utilizar metodologia audiovisual com filmes que traz uma perspectiva da "macro-história"; qual metodologia e didática usaria como avaliação pensando em uma narrativa da "micro-história"?
ResponderExcluirLeandro Cordeiro da Silva
Saudações Leandro e muito obrigado pela dúvida.
ExcluirPrimeiramente, citamos o referido livro do Hobsbawm como referencial para o embasamento do conteúdo histórico da proposta apresentada, isto é, Segunda Guerra Mundial.
Prosseguindo, muito interessante a sua indagação. Bom, como subsídio metodológico para lidar com esse tipo de fonte ainda seriam os mesmos, julgamos o conceito de representação abordado por Chartier e diversos outros historiadores essencial, assim como também o livro "Como usar o cinema na sala de aula" do professor Marcos Napolitano, pode ser uma mão na roda. Visto isso podemos concluir que a metodologia e a didática, apesar de possíveis e quase que certas variações no momento da prática, a fundamentação poderia ainda ser bastante semelhante a aqui apresentada. No tocante à questão de uma abordagem da micro-história, há um capítulo interessante de Henrique Lima, no livro "Novos Domínios da História" organizados pelos professores Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas, que a tange e podem ser uteis nesse aspecto juntamente a outros capítulos ali que abordam história, cinema e fotografia por exemplo. Por fim tendo em vista tal prerrogativa, seria ainda interessante ter em mãos um texto complementar seja ele historiográfico ou uma fonte alternativa, que verse sobre o mesmo assunto que a produção fílmica versaria, nessa perspectiva de uma aula veiculada nos caminhos (muito interessantes, pessoalmente eu acrescentaria) da micro-história.
Espero sinceramente ter esclarecido sua dúvidada, e estou aberto para qualquer outra que interesse. Atenciosamente.
João Matheus Ramos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde, primeiramente parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirA minha pergunta é a seguinte: O uso dessa ferramenta em sala de aula, pode auxiliar os alunos na formação crítica das diferentes linguagens que é visto em tela?
Atenciosamente, Tamirys Ferreira de Santana
Olá Tamirys, tudo bem? Obrigado pelo seu comentário.
ExcluirEntendemos que sim, na medida em que seja desconstruída a ideia de que o filme é um "retrato fiel do passado", ou seja, também é parte de um conjunto que envolve interesses diversos (econômicos, ideológicos, etc.).
um dos objetivos é justamente esse, ou seja, ajudar no desenvolvimento de uma leitura crítica do aluno para com o que é recebido nas diferentes linguagens e, sobretudo, romper com a ideia da neutralidade do que é produzido/visto.
Assim, é possível mostrar ao aluno as diferentes formas de conhecimento e, mais ainda, a especificidade do conhecimento histórico científico.
Abraços!
David Antonio de Castro Netto