João Matheus Ramos e David Antônio de Castro Netto

 

HISTÓRIA & CINEMA: A II GUERRA MUNDIAL E OS FILMES


Luzes, câmera, história... ação!

A presença de uma ampla historiografia versada acerca do contexto da Segunda Guerra Mundial é indiscutível (HOBSBAWM, 1995), demonstrando que tal temática se configura como uma das mais visitadas pelo campo historiográfico. Tal massa de trabalhos, ajuda na expansão da pesquisa, ora revistando temas consagrados, ora se debruçando sobre novas formas de compreensão do período.

 

Um eixo de pesquisas consolidado é aquele que engloba a relação cinema e História, sustentando o caráter das películas como fontes históricas a serem utilizadas seja como fonte de pesquisa, seja sua aplicação no ensino, auxiliando no processo ensino-aprendizagem.

 

O presente trabalho parte de uma fusão desses dois campos de pesquisa, ao propor a análise de filmes versados, a saber, Dunkirk (2017), O destino de uma nação (2017) e Jogo da imitação (2014) como fontes históricas e em seguida apresentar algumas possibilidades da utilização em sala de aula

 

O destino de uma nação

O filme de Joe Wright, estrelado por Gary Oldman mostra os primeiros dias de Winston Churchill na posição de primeiro-ministro numa conjuntura de crise política. Com roteiro centrado no político e seu entorno das vésperas de sua posse em 10 de maio de 1940 até o seu pronunciamento na Câmara dos Comuns em 4 de junho do mesmo ano. Iniciando com a contextualização do avanço nazista na Europa, o filme parte do dia 9 de maio. Traçamos alguns apontamentos sobre a narrativa e suas relações históricas:

 

A posição assumida por Halifax, rival de Churchill, de apaziguamento com Hitler, por meio de um armistício intermediado por Mussolini, era comum entre os conservadores ingleses, porém seu fracasso é constatado com a queda de Neville Chamberlain e a nomeação de Churchill, justamente por representar uma alternativa de ruptura, o que claramente, não evitou controvérsias e oposições, dentro mesmo do próprio partido. Halifax, conservador, como Churchill, é quem melhor incorpora esta oposição, tentando negociar o armistício em troca de “condições favoráveis” à Inglaterra. Churchill dispara dura máxima diante do conselho de guerra: “Você não pode dialogar com um tigre com a sua cabeça na boca dele!”.

 

Quando Churchill é avisado do quadro crítico francês e da constatação do “colapso da Europa Ocidental nos próximos dias” e questionado se o público deveria ser informado, afirma: “Ainda não. Primeiro despertaremos a resistência heroica de nossos velhos amigos, a França deve ser salva”. Tal comportamento, bastante recorrente no filme, evidencia um ponto interessante: o controle do governo sobre o que chega até o povo, que naquele momento era essencial para Churchill mantê-lo unido, emanando de um forte espírito combativo para o prosseguimento de sua pauta.

 




Figuras 1 e 2 - Fonte: (1) O Destino de Uma Nação (2017); (2) The Independent (14/10/2013)

 

Na cena, Churchill faz um símbolo que acreditava ser o de “vitória” para dizer ao público que a situação era favorável, porém tal acontecimento gera uma situação inversa, pois da maneira que faz o gesto, sem querer invertidamente, poderia significar “Up your bum” [PT: “enfia na bunda”], ao lado uma cena real, encontrada em uma matéria do jornal britânico “The Independent”.

 

O empasse de Dunkirk é uma das problemáticas centrais apresentadas no filme, centenas de milhares de soldados aliados em uma situação extremamente vulnerável. Assim nos são mostrados: o sacrifício da guarnição de Calais para ganho de tempo, o insight que levou à elaboração da Operação Dínamo, centrada no confisco de barcos civis para o resgate dos soldados em Dunkirk, e finalmente sua execução com a cena dos barcos rumando para a costa francesa.

 

Outro momento interessante do filme se dá em uma conversa entre o primeiro-ministro e o rei, quando o monarca demonstra pela primeira vez todo o seu apoio a Churchill, justificando que, apesar de suas ressalvas ao nomeá-lo, seria merecedor de sua confiança por conseguir despertar medo no coração de Hitler. Tal argumento é reforçado por diversos historiadores que assinalam a nomeação de Churchill como uma das chaves para a decorrente vitória aliada no conflito.

                                                                                              

Na cena final, na Câmara dos Comuns, o primeiro-ministro pronuncia seu discurso “We shall Fight on the Beaches” (“Lutaremos nas Praias”), obtendo apoio geral – inclusive de Chamberlain e do partido – para fazer a Inglaterra adotar uma postura combativa contra os nazistas abandonando o apaziguamento (figura 3). Tudo isso ocorrendo no dia 4 de junho de 1940, mesmo dia em que a Operação Dínamo fora concluída com sucesso, resgatando mais de 338 mil soldados, evento assinalado por Gonçalves (2000) como marco de virada na guerra, a primeira de várias vitórias após tantas derrotas.

 



Figura 3: Cena final em que Churchill é ovacionado após discursar no Parlamento. Fonte: O Destino de Uma Nação (2017)

 

Importante lembrar que o filme é apenas uma representação da realidade e ainda que acerte em grande parte (POLITIFACT), a obra não deixa de ser um retrato portador de imprecisões históricas decorrentes de sua subjetividade inerente. Portanto é imprescindível que o professor alerte este detalhe à turma, como também aponte para o fato de que Churchill não foi apenas um herói imaculável como pode parecer pelo filme, mas que ele também possui um aspecto racista e colonialista em relação aos indianos dominados naquele tempo pelo Império Colonial Britânico, o que pode ser realizado a partir da leitura do texto de Domenico Losurdo (2017). Vale destacar, ainda, que o filme parece ter o objetivo de elevar a figura de W. Churchill, numa narrativa heroica, digna da história política de viés mais tradicional, ou seja, do homem-deus, o que tudo sabe, o que faz previsões improváveis e que resiste quando todos querem desistir. Há, de fato, a importância do sujeito na história, mas, no formato do filme, aparentemente, Churchill venceria a guerra sozinho já que apenas sua nomeação teria “gelado” o coração de Hitler.

 

Dunkirk

O filme de 2017 dirigido por Christopher Nolan, mergulha na realidade dos soldados aliados encurralados pelos nazistas. A narrativa focada em diferentes personagens fornece um panorama do drama daquela situação, desde oficiais em uma posição vulnerável na costa norte francesa, a pilotos aliados incumbidos de neutralizar aeronaves inimigas que sobrevoavam a região, até civis que com seus barcos atendem o chamado e partem para a operação de evacuação.

 

A obra pode servir ao professor de diferentes formas, seja como instrumento de representação junto aos alunos daquele momento pelo qual passaram tropas aliadas em Dunkirk na metade de 1940, ou, despertar a discussão de outras questões como o medo e os traumas da guerra. A situação é exemplificada na personagem do “soldado arrepiado” (Cillian Murphy), piloto inglês cuja aeronave é abatida e é então resgatado por um dos barcos civis que rumam a Dunkirk para a evacuação planejada. O trauma do personagem é tamanho, que a todo momento pode ser percebido tremendo e quando descobre que ruma à França tenta, sem sucesso, evitar.

 

Nos momentos finais são mostradas embarcações civis chegando e atracando em Dunkirk, resgatando os soldados aliados (figura 4), tanto ingleses como franceses, o que se mostra bastante interessante, pois não são poucos os momentos ali em que os ingleses discriminam os franceses. A ideia que vigorava era que apenas cerca de 30 mil seriam salvos, e esses seriam ingleses. Tal estimativa pode ser encontrada também em “O Destino de Uma Nação”, onde Churchill revela à sua secretária que com o tempo nublado e um milagre, cerca de 10% daqueles soldados poderiam ser evacuados. Entretanto pela dimensão da Operação Dínamo e ampliação de possibilidades que esta fez pelo emprego de barcos civis, todos os soldados sobreviventes em Dunkirk, ingleses e franceses, estes últimos mais de 139 mil, foram resgatados e evacuados para a Inglaterra em segurança, total de 338.226 salvos da morte.

 


Figura 4: Barcos chegando a Dunkirk para o resgate e evacuação. Fonte: Dunkirk (2017)

 

‘O Jogo da imitação’

De 2014, o filme de Morten Tyldum, protagonizado por Benedict Cumberbatch, tem sua história centrada na trajetória de Alan Turing, o gênio por trás do que viria a ser considerado o primeiro computador da história. Enfocando o período em que Turing participou do projeto militar destinado a vencer a Enigma, máquina alemã de decodificação de mensagens considerada imbatível, o filme também recorre a momentos da adolescência de Turing, caros à sua formação pessoal, e a outros posteriores ao seu trabalho para o exército britânico na Segunda Guerra.

 

O filme mostra que os aliados não conseguiam se sobrepor a máquina alemã, pela limitação da mente humana, assim Turing sustenta que seria necessária uma outra máquina mais desenvolvida e capaz de sobrepujar a Enigma. Apesar de enfrentar resistência de sua divisão, escreve uma carta para o superior geral, W. Churchill, responsável pelo projeto de inteligência ultra sigiloso que promove e financia a proposta.

 

Apesar das dificuldades, o sucesso da máquina celebrado pela equipe de Turing (figura 5), converte-se numa chave vital para a vitória aliada na guerra e por isso tal informação é mantida em sigilo, com o sistema de informação inglês empregando-a cautelosamente. Assim no final do filme é informado de que graças à Máquina de Turing, milhões de vidas foram poupadas e a guerra encurtada.

 

Figura 5:Turing e sua equipe no momento de sucesso de sua máquina. Fonte: O Jogo da Imitação (2014)

 

Outras informações fornecidas no final do filme dizem respeito à condenação de Turing após uma investigação policial, que tem espaço no filme, por ser homoafetivo, restando a escolha de ser preso ou a castração química, que o levou à morte pouco tempo depois, aos 41 anos. O projeto de Turing e sua equipe fora mantido em sigilo por mais de meia década pelo governo inglês e suas máquinas foram essenciais para a criação e desenvolvimento da computação.

 

As formas de empregar o filme numa aula de história se mostram ricas, já que possibilitam o debate de diferentes questões desde uma percepção aprofundada da importância dos sistemas de informação na guerra, essenciais para o triunfo aliado sobre o eixo, visto que tornava possível antever ações inimigas e interceptá-las antes do ato.

 

Por fim, vale a pena destacar os malefícios da intolerância, Alan Turing fora vitimado por esta por ser homossexual, isso ainda aos 41 anos de idade. Mostrar aos alunos que sem ele talvez nem teríamos os computadores hoje, já que seu trabalho é considerado a base do sistema de computação atual, é um bom exemplo para demonstrar como políticas e até mesmo atitudes intolerantes bastante recorrentes são extremamente nocivas e podem culminar numa severa perda de potencial humano. Turing era um gênio que poderia muito ainda oferecer, mas infelizmente não pôde.

 

Cinema e ensino: propostas de trabalho

Mediante a impossibilidade da exibição em horário de aula dos três filmes, levantamos três propostas, pautadas em sua aplicação como fonte auxiliadora no ensino de História:

 

Proposta I

Tendo o professor já apresentado o conteúdo da 2ª Guerra Mundial em sala, este apresentaria os filmes por meio dos trailers ou imagens contextualizadas. Recorre-se então a exibição de apenas um deles, a critério do professor, podendo inclusive ser realizada uma votação junto à turma. Os outros dois seriam cobrados então em forma de tarefa, de importante realização pois tal conhecimento virá a ser solicitado em forma de atividade avaliativa posteriormente, escrita, como em uma dissertação, ou mais prática, dividindo a turma em três grupos com cada um destes ficando responsável por um dos filmes e a formulação de um cartaz ou painel, com os principais pontos do filme e sua relação com os conteúdos vistos em sala, acrescentados de pesquisas complementares, auxiliadas pelo professor. Por fim com a apresentação realizada pelos alunos de todo material produzido, haveria então a junção deste numa espécie de grande mapa mental histórico.

 

Proposta II

Visando aquelas situações em que nem sempre o exposto acima demonstra-se cabível, sugerimos aqui uma atividade mais dinâmica. Utilizando o filme “Jogo da Imitação”, selecionar vinte minutos das cenas importantes para o conteúdo e, utilizando o texto do livro didático propor um debate com os alunos sobre questões fundamentais, como a importância da informação correta numa guerra, as questões socioculturais que aparecem e a perseguição à população LGBTQA+ que não aparecem no livro didático. O professor(a) também pode fazer uma comparação entre as duas fontes disponíveis (livro didático e o filme) apontar diferenças de forma, conteúdo e como os alunos e alunas podem ler tais documentos.

 

Proposta III

Um pouco mais ousada, concebe a proposição de uma oficina adaptada da proposta de Isabel Barca (NICOLIELO, 2013), provavelmente em contraturno. Com maior liberdade de tempo, disponibilidade de espaço e recursos para tal, o professor(a) exibiria um filme por dia, instigaria a discussão em cima do conteúdo, propiciando o espaço necessário para maiores debates sobre temas que aparecem em segundo plano nos filmes como a questão dos traumas de guerra, dos veteranos, da intolerância, direitos humanos, a desconstrução do “herói de guerra”, contrapondo a figura de Churchill em “O Destino de uma Nação” com sua personagem real que apesar da categoria de “herói de guerra”, era um forte símbolo do imperialismo britânico e de sua opressão.

 

Os debates entre os alunos, mediados pelo professor, cumprindo o papel de instigador (BITTENCOURT, 2005), tomando nota dos apontamentos apresentados, e  também a entrega por parte dos alunos de um texto analisando a experiência, do conteúdo histórico, dos filmes e das discussões, seja ao final de cada reunião ou então uma síntese geral numa dissertação ao final da oficina, contemplaria então o professor com um material suficiente para a avaliação e uma rica experiência tanto para ele quanto para os alunos.

 

Essa proposta é a que melhor capitaneia nossos ânimos e perspectivas de trabalho ideal para com os filmes apresentados. Os trâmites burocráticos, com a coordenação do colégio para a organização de tal atividade, podem ser bastante dispendiosos, e a participação dos alunos certamente é sempre uma incógnita, porém tido sucesso nestes pontos que são os maiores complicadores, a dinâmica proporcionaria uma riqueza no tocante à melhor experiência em sala de aula. E ainda, decorrente de tal sucesso, a proposta poderia ser expandida na forma de um projeto que faça amplo usufruto das múltiplas relações entre história e cinema envolvendo os mais diferentes conteúdos históricos, e quiçá até outras fontes de entretenimento da cultura jovem, como HQs e jogos eletrônicos.

 

Considerações finais

Em se tratando de história, cinema e sua aplicação em sala de aula, as possibilidades são infinitas e os caminhos os mais diversos. Entretanto é importante, que tais iniciativas, sejam precedidas de preparação e no momento de sua execução, o professor cumpra o papel de mediador do conhecimento (SIMAN, 2015), enfatizando importantes pontos discutidos aqui, como a questão da representação.

 

Para a proposta aqui explorada, sugerimos três produções mainstream do universo da 7ª Arte, todavia outras poderiam também ser utilizadas com mesma eficácia, dependendo apenas do enfoque da aula. Produções como “O Resgate do Soldado Ryan” e “A Lista de Schindler”, para refletir outros aspectos da guerra ou séries de sucesso como “O Homem do Castelo Alto” (2015) ou “Hunters” (2020), documentários como “Grandes Momentos da Segunda Guerra em Cores” e, ainda, fotografias e filmagens da época. Contudo, destacamos que cada tipo de mídia exige um preparo específico, seja para a análise, seja para o uso em sala de aula. Cabe ao professor(a) encontrar o material que mais se encaixe com a turma. A bibliografia sobre o cinema em sala de aula, felizmente, está em expansão. Aqui, tomamos a liberdade de indicar apenas o trabalho de Napolitano (2005). 

 

 

Referências biográficas

João Matheus Ramos, graduando de História da UEM

 

Dr. David Antonio de Castro Netto, Colegiado de História - Unespar - Paranavaí

 

Referências bibliográficas

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história. Cortez editora, 2005.

 

GONÇALVES, Willians da Silva. A segunda guerra mundial. In: REIS FILHO, Daniel Aarão et. all. O Século XX. V.3: O tempo das dúvidas: Do declínio das utopias às globalizações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

 

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve séc. XX. Cia das Letras, 1995.

 

LOSURDO, Domenico. Stálin e Hitler: Irmãos gêmeos ou inimigos mortais? Le Monde Diplomatique, 21-12-2017.

 

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. Editora Contexto, 2003.

 

NICOLIELO, Bruna. Isabel Barca fala sobre o ensino de História. Nova Escola. 2013. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/930/isabel-barca-fala-sobre-o-ensino-de-historia?imprimir=truevoltar=/conteudo/930/isabel-barca-fala-sobre-o-ensino-de-historia?imprimir=true#_=_>. Acesso em: 28 abr. 2021.

 

POLITIFACT. Fact-check: Darkest Hour movie gets Winston Churchill mostly right. Disponível em: <https://www.politifact.com/article/2018/feb/26/fact-check-darkest-hour-movie-winston-churchill/>. Acesso em 14 jun. 2020.

SIMAN, Lana Mara de Castro; RODRIGUES COELHO, Araci. O Papel da Mediação na Construção de Conceitos Históricos. Educação & Realidade, v.40, n. 2, 2015.

7 comentários:

  1. Prezados autores, bom dia.
    Vocês relacionam filmes ficcionais ("O Resgate do Soldado Ryan” e “A Lista de Schindler”), séries (“O Homem do Castelo Alto”, “Hunters”) documentários (“Grandes Momentos da Segunda Guerra em Cores”), além de "fotografias e filmagens da época". A fundamentação teórica que vocês apresentaram dá conta de todos esses tipos de documentação?

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    1. Saudações José e obrigado pela pergunta. Muito bem observado, acreditamos que para a execução de tal proposta da maneira que fundamentamos são necessárias algumas leituras para além das que aparecem nas referências apresentadas. Isso ocorre pois de acordo com as normas do debate deveria ser referenciado apenas o que fosse citado, e como não encontramos espaço suficiente aqui para todas as citações que desejávamos realizar neste aspecto, optamos por utilizar conceitos de forma mais subjetiva como por meio da utilização do conceito de representação, bastante difundido por diversos historiadores e mais notóriamente Roger Chartier, como também o livro indicado nas referências "Como utilizar o cinema na sala de aula" do professor Marcos Napolitano, assim como também os que ali não aparecem mas ainda assim extremamente uteis nesse aspecto os livros "Domínios da História" e "Novos Domínios da História", ambos organizados pelos professores Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas que apresentam capítulos basante significativos nesse sentido versados nas diversas relações entre a imagem e a história, como por meio da fotografia e do cinema, pensando até mesmo a micro-história.
      Por fim, em relação ao fato da ficcionalidade de algumas fontes indicadas, não vemos problema em tal aspecto, é claro, tendo em vista a atuação do professor como mediador sempre lembrando tal aspecto, e que elas tal como a literatura são uma forma de representação, a realidade que não aconteceu, mas que poderia ter acontecido, possibilitando ainda por meio desta atividade um interessante exercício de história contrafactual, é claro com todas as ressalvas e cuidados necessários.
      Espero ter esclarecido a dúvidada, e aberto para qualquer outro que se faça necessário. Atenciosamente.
      João Matheus Ramos

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  2. Bom dia! Sou acadêmico do 5º semestre do curso de História-Licenciatura pela UFMS/CPNA. Ao citar hobsbawn em "era dos extremos", e a utilizar metodologia audiovisual com filmes que traz uma perspectiva da "macro-história"; qual metodologia e didática usaria como avaliação pensando em uma narrativa da "micro-história"?

    Leandro Cordeiro da Silva

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    1. Saudações Leandro e muito obrigado pela dúvida.
      Primeiramente, citamos o referido livro do Hobsbawm como referencial para o embasamento do conteúdo histórico da proposta apresentada, isto é, Segunda Guerra Mundial.
      Prosseguindo, muito interessante a sua indagação. Bom, como subsídio metodológico para lidar com esse tipo de fonte ainda seriam os mesmos, julgamos o conceito de representação abordado por Chartier e diversos outros historiadores essencial, assim como também o livro "Como usar o cinema na sala de aula" do professor Marcos Napolitano, pode ser uma mão na roda. Visto isso podemos concluir que a metodologia e a didática, apesar de possíveis e quase que certas variações no momento da prática, a fundamentação poderia ainda ser bastante semelhante a aqui apresentada. No tocante à questão de uma abordagem da micro-história, há um capítulo interessante de Henrique Lima, no livro "Novos Domínios da História" organizados pelos professores Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas, que a tange e podem ser uteis nesse aspecto juntamente a outros capítulos ali que abordam história, cinema e fotografia por exemplo. Por fim tendo em vista tal prerrogativa, seria ainda interessante ter em mãos um texto complementar seja ele historiográfico ou uma fonte alternativa, que verse sobre o mesmo assunto que a produção fílmica versaria, nessa perspectiva de uma aula veiculada nos caminhos (muito interessantes, pessoalmente eu acrescentaria) da micro-história.
      Espero sinceramente ter esclarecido sua dúvidada, e estou aberto para qualquer outra que interesse. Atenciosamente.

      João Matheus Ramos

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  3. Boa tarde, primeiramente parabéns pelo trabalho!
    A minha pergunta é a seguinte: O uso dessa ferramenta em sala de aula, pode auxiliar os alunos na formação crítica das diferentes linguagens que é visto em tela?

    Atenciosamente, Tamirys Ferreira de Santana

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    1. Olá Tamirys, tudo bem? Obrigado pelo seu comentário.

      Entendemos que sim, na medida em que seja desconstruída a ideia de que o filme é um "retrato fiel do passado", ou seja, também é parte de um conjunto que envolve interesses diversos (econômicos, ideológicos, etc.).
      um dos objetivos é justamente esse, ou seja, ajudar no desenvolvimento de uma leitura crítica do aluno para com o que é recebido nas diferentes linguagens e, sobretudo, romper com a ideia da neutralidade do que é produzido/visto.
      Assim, é possível mostrar ao aluno as diferentes formas de conhecimento e, mais ainda, a especificidade do conhecimento histórico científico.
      Abraços!
      David Antonio de Castro Netto

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