O USO DO RAP “ATLÂNTICO” DE THIAGO ELNIÑO COMO
UM RECURSO DIDÁTICO EM SALA DE AULA
Não se pode negar que o
gênero musical RAP é um estilo que carrega a luta social em suas letras de
forma a provocar nos ouvintes reflexões. Em sua grande maioria, os rappers
procuram narrar as violências e preconceitos sofridos pela grande maioria das
pessoas que vivem nas periferias, principalmente pelos negros, visando uma ação
para o combate dos problemas sociais postos em pauta no decorrer da letra do
RAP. Desde a sua origem no Brasil, no decorrer de 1980, seu objetivo é fazer o
ouvinte pensar sobre os problemas estruturais e sociais da sociedade brasileira,
sendo o elemento principal da maioria das letras deste gênero musical. Dessa forma,
o RAP trilha seu caminho propondo uma luta pela resistência e construção da
identidade negra, principalmente em um país como o Brasil que condenou as vidas
negras ao sistema escravista por mais de 300 anos, e que ainda cultiva
elementos deste sistema em sua atual sociedade.
O uso do RAP em
sala de aula
Ao pensar sobre a letra
deste gênero musical, podemos compreender que muitas vezes ela se sobressai da
questão harmônica da própria canção, isto é, ao pararmos para ouvir um RAP que
carrega uma forte mensagem em sua letra, a harmonia do instrumental que faz
parte da construção da canção não se torna essencialmente o seu ponto alto. A
atenção do ouvinte será atraída pelas frases cantadas ou faladas pelos MC’s
(mestre de cerimônias, como são chamados os artistas), desta forma podemos
realizar uma análise mais aprofundada da letra e acabar enxergando o RAP como
uma expressão artística que além de dar a voz ao povo da periferia, pode
ocasionar um desenvolvimento do senso crítico dos ouvintes.
Partindo de que o RAP se
tornou nos dias atuais um produto auditivo popularizado, aonde não é difícil
encontrar em diferentes ambientes pessoas ouvindo canções deste gênero. E ao
pensar no ensino de História e a conectividade com os jovens, um dos principais
desafios que é oferecido pela disciplina é o de fazer com que os alunos se
interessem por ela, isto é, buscar caminhos didáticos e instrumentos que despertem
o interesse dos estudantes pelos assuntos desta disciplina. Ou seja, a
utilização de novas ferramentas dentro da prática de ensino de História tem se
preocupado em tornar o aprendizado do conteúdo cada vez mais didático. Deste
modo, uma das práticas que se torna mais recorrente e utilizada é o uso de
músicas para o auxílio da didática. A música carrega consigo o sentido de
objeto e campo de conhecimento, e o mais importante, como uma fonte histórica,
de forma que ela encaminha representações, manifestações, opiniões, culturas e
hábitos. Ao aplicar esse recurso didático, o professor tem em mente a música
como fonte e espera que o aluno compreenda o momento histórico ao qual o
estudante está inserido por meio da análise da música, de forma que desenvolva
pra si um pensamento social, político e ideológico.
Sendo assim, quando usada
em sala de aula, a música tem o papel de levar o aluno a épocas distantes,
inserindo-o dentro daquele contexto que é posto para que observe uma forma de
manifestação cultural e ao mesmo tempo histórica. “Busca-se para o aluno o
despertar do senso crítico que o leve à compreensão da sua realidade em uma
dimensão histórica, identificando semelhanças e diferenças, mudanças,
permanências, resistências e que, no seu reconhecimento de sujeito da história,
possa posicionar-se.” (DAVID, 2012, p. 6).
Acredita-se na utilização
do RAP em sala de aula, como um recurso didático para a explicação de algum
determinado assunto histórico associado a questões sociais, políticas e
culturais, e deve ser pensado e colocado como uma ferramenta interessante e
fundamental. Ao trabalhar com este tipo de música, pode-se escolher analisar
somente as letras, o que poderá acarretar discussões e opiniões significantes
por parte dos estudantes. Isso acaba nos levando a pensar no estudo
propriamente dito da letra do RAP, que para José d’Assunção Barros o nosso
papel enquanto historiador é realizar uma História da poesia cantada, e não uma
História da Música. “O exemplo mais conhecido é o da música popular cantada, a
qual traz junto de si, e integradamente, aquilo que chamamos de ‘letra’. Não é
raro que estudiosos abordem historiograficamente, seja como objeto temático ou
como fonte, aquilo que não é propriamente a música, mas sim a ‘letra’ da
música.” (BARROS, 2018, p. 27).
Porém, pensando no uso da
música como fonte em sala de aula, acredita-se que a realização de análise
somente da letra, pode acabar por limitar o resultado do uso desta ferramenta,
pela possibilidade de afastar o interesse e participação dos estudantes. “Atentando
sempre para os objetivos propostos, o procedimento didático na utilização da
canção para o ensino da História deve privilegiar, além da análise da letra, a
escuta e a percepção musical, ou seja, a compreensão da forma: exploração,
análise e reflexão sobre o que musicalmente foi dito e como foi dito: motivos
melódicos e desenvolvimentos dos mesmos; pulso, ritmo, instrumentos e arranjo.”
(DAVID, 2012, p. 10). Através deste pensamento resultamos que é necessário
fazer a audição da música junto aos estudantes para que eles expressem suas
opiniões primárias referente a canção, desde as questões sobre o ritmo até a
própria letra, referente ao significado que ela pode estar transmitindo. E após
isto, é fundamental realizar a apresentação e leitura da letra, para que assim
se inicie uma análise aprofundada, buscando a compreensão da realidade em uma
dimensão histórica.
A letra do RAP
como um veículo reflexivo
O estilo musical em
questão pode conter em suas letras diversas discussões históricas referente a
determinados períodos da história do Brasil. Se buscarmos músicas de diversos
artistas brasileiros e, acabar escutando a canção e consequentemente prestando
atenção na letra que está sendo cantada, poderemos captar diversas ideias que o
artista transmite e que resultam reflexões. Um exemplo de boas reflexões é o
grupo Racionais MC’s, considerado como os pioneiros e o maior grupo de RAP do
Brasil, tendo diversas letras que discute as condições da população negra
brasileira, o racismo, a violência policial, os preconceitos sofridos pelos
jovens negros e pobres da periferia, dentre outros problemas sociais. Essas
letras que acabam instigando nos ouvintes pensamentos que podem resultar em
reflexões e posicionamentos ideológicos referente aos problemas presente na
sociedade.
“O rap, independentemente
do seu ritmo acelerado, ensurdecedor e rebelde, representa um instrumento
político de uma juventude excluída. Independentemente do seu conteúdo muitas
vezes agressivo e provocador, indica uma ação pedagógica de jovens em processo
de escolarização ou mesmo evadidos da escola. Quem observa o seu conteúdo,
analisando a sua letra, independentemente do seu gosto musical, vai encontrar
uma leitura da vida social, do ‘fazer’ da sociedade, comparada a muitos
cientistas sociais que apenas superam esses jovens na linguagem culta e
especifica do universo científico.” (ANDRADE, 1999, p. 86)
É neste caminho que este
trabalho se idealiza, isto é, busca-se apresentar uma música e analisar trechos
específicos da canção, se aprofundando nas dimensões históricas presente em sua
letra. Sendo assim, será posposto um RAP que pode ser usado futuramente em sala
de aula. Esta música se chama “Atlântico (Calunga Grande)”, do rapper carioca
Thiago Elniño, lançada em 2019. A canção faz parte de seu álbum intitulado “Pedras,
Flechas, Lanças, Espadas e Espelhos”, um trabalho que tem em seu elemento uma
forte significância ancestral, carregando em suas músicas as angústias que
transcorre aos negros e negras da escravidão até os dias atuais. Thiago Elniño
é um artista que provoca nos ouvintes sentimentos que perpassa a música,
leva-os a reflexões sob questões como o racismo, a luta negra, provocando o
entendimento sobre as religiões de matrizes africanas, não é por menos que além
de rapper, ele é um pedagogo e educador popular.
Música
“Atlântico” e a sua utilização em sala de aula
A música a ser trabalhada
a seguir, é composta por uma forte escrita ancestral, havendo uma discussão
importantíssima e impactante sobre a escravidão. Narra a captura e retirada da
população africana que foram colocados nos grandes navios para atravessar o
Atlântico, e que chegaram em uma terra desconhecida para servirem a um sistema
desumano, a escravatura, que durou três séculos no Brasil. A canção reflete a
angústia da vida negra ao observar o imenso mar que separou milhares de
famílias, que manteve milhões de homens e mulheres vindos da África longe de
sua casa, da sua terra. Thiago Elniño revive nesta música a sensação daquela
população negra sobre o seu não pertencimento a aquele território, e a força de
querer ter a liberdade de voltar para a casa. Está presente além disto,
questões da atualidade que atravessou os corpos negros em diáspora, como o
receio de trazer um filho a este mundo sabendo dos preconceitos e
impossibilidades que milhares de jovens negros sofrem.
Esta análise pode-se
iniciar através do próprio título da música, pois ao falar sobre o Atlântico
podemos gerar uma discussão sobre o mar, o qual durante todo o processo do
tráfico negreiro os navios atravessavam para levar os negros da África para as
Américas. Pode-se realizar um trabalho com todos os dados disponíveis sobre os
comércios e tráficos de escravos que ocorreram, apresentando descrições de como
realizava-se as viagens, sobre como e aonde os negros ficavam nos navios, quais
as suas condições e alimentações, entre outros aspectos.
Uma travessia que além de
levar milhões de pessoas, sendo homens e mulheres, crianças ou adultos
africanos para as Américas, acabou resultando na morte de muitas delas. “Embora
os estudos quantitativos sejam raros, é possível estabelecer ordens de grandeza
para os séculos XVI e XVII baseados em casos isolados e, para os séculos XVII e
XIX, com base em estudos exemplares, mesmo que limitados a alguns anos. Em
1569, Frei Tomé de Macedo cita o caso de uma embarcação transportando 500
cativos que, em uma única noite, perdeu 120 deles, ou seja, um pouco menos de
um quarto do carregamento (24%).” (MATTOSO, 1982, p. 69-70).
Além do nome “Atlântico”,
há mais duas palavras que formam o título da música, que são: Calunga Grande.
Que poderá servir como uma base para formular a análise referente a travessia
forçada dos africanos. Esta expressão era usada para designar o mar, o que pode
causar muitas curiosidades dentro da sala de aula, assim como pode estimular
uma reflexão e proporcionar uma explicação sobre todo o lado simbólico de
imensidão e vazio presente nesta palavra. “Calunga grande é o mar, a enormidade
de seu destino e de seu horizonte. Calunga pequeno é a terra que recebe esses
corpos e os transforma em semente. Mas no caso da escravidão, reinventada no
Novo Mundo, a terra tragou os corpos desses milhares de cativos, que foram
antes transformados em prisioneiros, brutalizados pela violência desse sistema
que supôs a posse de um homem por outro.” (MOURA, 2000, p. 227).
Partindo para a análise da
música, podemos trabalhar com a letra completa ou com apenas trechos, visto que
a letra não é tão extensa. Como dito anteriormente, será interessante fazer com
que os estudantes escutem a música primeiramente, para que somente após seja
feita a apresentação a eles da letra, iniciando-se assim toda a construção
historiográfica por trás da música.
A canção inicia-se pelo
refrão cantado pela cantora Natache: “O mais próximo de casa que eu estive foi
o mar/Boto os meus pés na água e me lanço a pensar/Como é a vida aqui, como é a
vida lá/Sinto que eu não sou daqui, pra casa eu quero voltar”. Este trecho pode
ser trabalhado junto com o título da música, pois há nesta passagem a
referência ao mar. Este refrão tem a presença de toda a discussão feita
anteriormente neste texto, isto é, a angústia dos cativos ao olhar para o mar e
perceber que ele é o divisório entre a sua casa para esta nova terra
desconhecida por ele, a qual ele não se sente pertencido. Tendo sido arrancado
de suas origens, sendo inserido na sociedade como produto, como escravo,
desejando a liberdade e a volta para a sua casa.
“Por fim, a nova
personalidade do escravo era criada pela inserção de homens negros, ainda
inspirado pelo modelo africano, numa sociedade dominada pelo modelo do homem
branco. Integração difícil, cheia de tensões contínuas que construíram a vida
do escravo, obrigado a se adaptar a relações sociais de tipo escravista,
sujeito a todos os esforços, todas as servidões, toda a obediência e lealdade
aos senhores infalíveis.” (MATTOSO, 1982, p. 129).
A professora ou professor
pode aproveitar o momento para se aprofundar sobre a Diáspora Africana. Para
isso, pode assimilar o refrão com o seguinte trecho cantado pelo Thiago Elniño:
“Eu me sinto a um oceano de casa/É como se faltasse um pedaço meu”. Essas duas
frases poderão servir como ponto de partida para a explicação referente a
Diáspora Africana, que tem em seu conceito a imigração forçada de africanos
para as Américas, durante o tráfico transatlântico de escravizados. A partir do
momento que adentravam nos tumbeiros (navio negreiro), os africanos
deixavam sua vida, história, costumes e religiosidade para trás, e passava a
ter novas formas de identificação. Passariam a construir uma sociabilidade a
partir de um novo local, ou seja, a diáspora passa a ser uma redefinição de
identidade, criando novas formas de ver, ser e agir no mundo.
No seguinte trecho da
letra: “Eu já escolhi o nome dos meus filhos/Mesmo sem saber se um dia vão
nascer/Sinto medo de trazê-los a esse mundo/Onde eu tenho tão pouco pra
oferecer”. O entendimento é subjetivo, mas este trecho da letra poderá gerar
uma discussão em torno dessas complexidades da letra entre os alunos e alunas. As
duas últimas frases deste trecho podem ter dois significados. O medo pode ser o
resultado das discriminações, preconceitos e a desigualdade racial sob toda a
população negra do país, assim como Thiago Elniño pode estar representando a
consciência de ser um homem africano, que tem tão pouco a oferecer aos seus
filhos vivendo dentro de um sistema escravista. “Uma vez nascida, a criança
escrava estava já inserida na sociedade, pois, diferentemente das crianças
abastadas que passavam por um lento processo de preparação para a vida de
elite, as crianças negras desde muito cedo iam às costas de suas mães cativas
para as lides diárias.” (SILVA, 2013, p. 123).
Além das questões sobre a
imigração forçada dos africanos e a vida como escravo no Novo Mundo, podemos
seguir para o lado da religiosidade da população negra no Brasil, a partir do
seguinte trecho: “Roupas brancas cobrindo os nossos corpos sexta-feira/Um café
pro preto velho na janela/Um marafo e uma vela, pra que Exú nos guarde da
trunqueira”. Já neste trecho podemos gerar o desenvolvimento histórico a partir
das diferentes formas de cultos religiosos dentro do espaço africano, mostrando
aos estudantes que a ideia de “Deus” varia de acordo com a cultura, e entre
outros aspectos étnicos e regionais. Neste caso, Thiago Elniño cita duas
entidades pertencentes as religiões Candomblé, que foi trazida pelos africanos
escravizados, e da Umbanda, que foi uma religião criada no Brasil com saberes
africanos, porém mescla elementos do cristianismo e outras religiões. É
interessante propor através deste trecho da letra, uma profundidade perante
toda a ancestralidade africana no âmbito das religiões afro-brasileiras, além
de elaborar uma discussão referente aos estereótipos e intolerâncias
enfrentadas por essas religiões.
Sendo assim, através desta
breve análise sob a letra da canção do Thiago Elniño, podemos compreender que é
possível sua utilização enquanto fonte em sala de aula e, para aprofundar no
âmbito histórico da canção. A união entre ensinar História com o uso da música,
em especifico do RAP é primoroso, pois este gênero resulta em um desenvolvimento
de um pensamento social, político e ideológico, assim como o ensino de História
tem a capacidade de contribuir na formação de sujeitos críticos, além de
despertar a concepção de identidade dos estudantes em questão.
Considerações
finais
Por fim, concluímos com a
reafirmação de que o uso de música no ensino de História, enquanto uma
ferramenta e fonte histórica, tem a capacidade de articular questões e
discussões em volta da canção apresentada aos estudantes, o que vai se
constituir historicamente. Ressaltamos que a música é uma forte aliada para o
ensino de História, por conta da sua significância no cotidiano dos alunos, e
na sua utilidade como um recurso didático aos docentes, podendo estimular e
atrair o interesse dos alunos e alunas para a aula. Sobretudo, é importante
consolidar a convicção de que a música é uma fonte histórica, que pode servir
desta forma como um meio de compreensão tanto da história na música, quanto
outros aspectos no contexto dessa história, como a política, a economia, a
cultura e tantos outros elementos que podem ser extraídas através de
análises.
Pensando neste reinvento
dos professores perante a utilização de músicas em sala de aula, tomamos como
referência especificamente o uso do RAP, pensando na criação de novas
estratégias didático-pedagógicas. Possibilita-se assim criar uma concepção
sobre como este gênero pode desenvolver discussões e entendimentos diante de
certos recortes históricos. Foi demonstrado neste trabalho, de forma geral,
como trabalhar junto aos estudantes utilizando uma música em específico para
extrair concepções históricas presente na mesma e desenvolver uma aula
prazerosa para o docente e para os estudantes. Além disso, é possível
compreender que o uso desta fonte, pode ser importante para a formação
argumentativa e opinativa, e o despertar do senso crítico dos estudantes.
Conclui-se que o uso do
RAP e a análise de suas letras dentro da sala de aula, é fundamental, promissor
e relevante para o desenvolvimento da percepção da consciência histórica dos
estudantes, considerando que eles realizam o exercício de distanciar-se do
passado para poder analisa-lo e deste modo, formar uma identidade como agente
histórico. Ou seja, a utilização da música “Atlântico” auxilia o ensino de
História, mais especificamente a aspectos e temas relacionados a escravidão, em
sua função de formar sujeitos através de sua interação com a sociedade.
Referência biográfica
Reuther Henning Machado,
acadêmico do 4º ano de História da Unespar – Campus União da Vitória.
Referências bibliográficas
ANDRADE, Elaine Nunes de. (Org.). O Rap e Educação – O Rap é educação.
São Paulo: Summus, 1999.
BARROS, J. D. História e música: considerações sobre suas possibilidades
de interação. Revista História & Perspectivas, v. 31, n. 58, 11 jan. 2018.
DAVID, Célia Maria. Música e ensino de história: uma proposta. Disponível
em:
<http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/46189/1/01d21t06.pdf>.
Acesso em: 17. fev. 2021.
ELNIÑO, Thiago. Atlântico (Calunga Grande). In: Thiago Elniño. Pedras,
Flechas, Lanças, Espadas e Espelhos. Rio de Janeiro: Independent Records, 2019.
Faixa 01. CD.
MATTOSO, Katia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil: séculos XVI-XIX.
Rio de Janeiro, Ed. Vozes, 2016.
MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. A travessia da Calunga Grande. Três
séculos de imagens sobre o Negro no Brasil. (1637-1899), São Paulo,
Edusp, 2000.
SILVA, Rafael Domingos Oliveira. Negrinhas e negrinhos: visões sobre a
criança escrava nas narrativas de viajantes – Brasil, século XIX. Revista de
História, 5, 1-2, 2013, p. 107-134.
Olá Reuther que texto maravilhoso e muito bem escrito, interessante a forma como você enfatizou a analise da música através do aprofundamento dos sentidos da letra e que envolvem também os significados da melodia. O que mais me chamou atenção no seu texto foi trazer a ancestralidade da cultura afro-brasileira ligado ao rap que na minha visão é a principal forma de fazer com que a História tenha sentido na vida dos nossos alunos, sobretudo porque dialoga com o universo deles, conscientiza e trabalha com os passados sensíveis ou traumáticos como no caso da diáspora e escravização dos povos africanos, além disso trabalha o pensar historicamente por meio da análise da música, o rap, como fonte histórica. Na minha visão, tinha que ter disciplina só para trabalhar a questão da música na sala de aula, eu nas minhas aula sempre trago músicas e principalmente RAP. Gosto muito do GOG CARTA A MÃE AFRICA. Então queria saber contigo se você já aplicou com os alunos o rap em sala de aula e como foi?
ResponderExcluirOlá Bruna, fico muito feliz que tenha gostado do meu texto. Respondendo a sua pergunta, eu ainda não tive a oportunidade de trabalhar com a música "Atlântico" do Thiago em sala de aula, porém, eu já trabalhei com o rap "Negro Drama", do grupo Racionais MC's. Foi uma aula direcionada a discussão sobre o RAP ser uma forma de resistência contra o preconceito e racismo, e ao mencionar os Racionais e a sua música, os estudantes logo se manifestaram compartilhando seus conhecimentos sobre o grupo e o RAP em geral. Foi um resultado totalmente agradável, e eu como um fã de RAP, digo que é sensacional perceber que enquanto docente, podemos conscientizar os estudantes através de letras de RAP's.
ExcluirOlá Reuther,
ResponderExcluirPor acaso você conhece o filme "O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas"?
Olá! Conheço sim, acho este documentário importante para gerar discussões e reflexões sobre a desigualdade, a marginalização e a exclusão social.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Reuther, fiquei fascinada pelo seu texto, muito bem elaborado e pensado. Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi sobre fazer a utilização da letra do RAP como um veículo reflexivo, pois, acredito muito na música como tal ferramenta, sei que a mesma é sim capaz de nos trazer diversas reflexões diante determinado tempo histórico. Parabéns, e obrigada por compartilhar conosco esse lindo texto.
ResponderExcluirOlá Camila! Muito obrigado! A música é um grande recurso didático, isso pra além do Rap, tem o MPB, Rock e etc., que tem letras para se trabalhar dentro da sala de aula.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, Reuther parabéns pelo seu trabalho, é uma temática incrível. Minha questão inicial já foi respondida por você em outro comentário aqui, que era o questionamento se você já havia utilizado a musica “Atlântico” em sala. Como você respondeu já trabalhou com outro Rap em sala. Meu questionamento é, sabemos que ainda há uma barreira de aceitação do RAP na sociedade, você teve uma boa aceitação do uso da metodologia por parte do corpo gestor da escola?
ResponderExcluirOi Janaina, muito obrigado! Então, no meu caso eu não tive nenhuma desaprovação por parte do corpo gestor referente ao uso da metodologia. Mas eu sei de casos de colegas que ao realizar o estagio supervisado, no momento de apresentar o plano de aula para a professora regente do colégio, que explicava o uso do Rap durante uma de suas aulas, a professora lhe orientou que modificasse essa metodologia, pois poderia ocorrer conflitos com o corpo gestor do colégio.
ExcluirInfelizmente, os preconceitos sob o Rap é um problema que ainda existe em nossa sociedade, e infelizmente até mesmo em pessoas que fazem parte do corpo gestor de uma escola.
ótima proposta! Aproveito para sugerir aos docentes que trabalham (ou querem trabalhar) com história indígena em suas salas de aula, que usem os rappers indígenas também: Brô Mc, Mc Kunumi, entre outros também trazem em suas letras reflexões históricas.
ResponderExcluirMuito bem lembrado Kalina, tem os rappers indígenas que são muito importante para essa cena, e principalmente para gerar reflexões históricas.
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